Agora que até a Suécia arde talvez mereça a pena rebobinar o
nosso filme e regressar aos acontecimentos do ano passado, aos incêndios ocorridos
em junho e mais tarde em outubro. Será que na Suécia ou na Grécia os políticos
e jornalistas seguem o modelo a que assistimos em Portugal?
Porque acontece longe talvez a reflexão esteja menos
contaminada e seja mais séria, os políticos pensam em soluções e o cidadão
comum esqueça os velhos culpados do costume. Há um fenómeno que não é novo e
que se tem agravado ao longo das últimas décadas. No caso da Suécia poderemos
estar perante um acaso meteorológico, mas aquilo a que assistimos na Grécia não
difere muitos nas causas e características do que já vimos em Portugal e que
podemos ver a qualquer momento em países do sul da Europa.
Nas últimas décadas e principalmente a partir do momento em
que a União Europeia começou a desmantelar a Política Agrícola Comum, temos
vindo a assistir a profundas alterações na utilização dos solos. Muitos solos onde
a agricultura era rentável por força do sistema de preços agrícolas estão
abandonados ou convertidos em floresta. Tudo sucedeu sem critério e sem que o
desmantelamento da PAC tivesse dado lugar a políticas florestais.
A busca do conforto de segundas habitações rodeadas de árvores,
a falta de rentabilidade de muitas florestas que inviabilizam a sua limpeza e
as mudanças climáticas fizeram o resto. Há um problema no sul da Europa que só
será resolvido quando abordado com seriedade e sem oportunismos políticos.
Quando for alvo de uma reflexão séria, sem prazos ou agendas populistas.