terça-feira, julho 24, 2018

VOLTAR A FALAR DE INCÊNDIOS


Agora que até a Suécia arde talvez mereça a pena rebobinar o nosso filme e regressar aos acontecimentos do ano passado, aos incêndios ocorridos em junho e mais tarde em outubro. Será que na Suécia ou na Grécia os políticos e jornalistas seguem o modelo a que assistimos em Portugal?

Porque acontece longe talvez a reflexão esteja menos contaminada e seja mais séria, os políticos pensam em soluções e o cidadão comum esqueça os velhos culpados do costume. Há um fenómeno que não é novo e que se tem agravado ao longo das últimas décadas. No caso da Suécia poderemos estar perante um acaso meteorológico, mas aquilo a que assistimos na Grécia não difere muitos nas causas e características do que já vimos em Portugal e que podemos ver a qualquer momento em países do sul da Europa.

Nas últimas décadas e principalmente a partir do momento em que a União Europeia começou a desmantelar a Política Agrícola Comum, temos vindo a assistir a profundas alterações na utilização dos solos. Muitos solos onde a agricultura era rentável por força do sistema de preços agrícolas estão abandonados ou convertidos em floresta. Tudo sucedeu sem critério e sem que o desmantelamento da PAC tivesse dado lugar a políticas florestais.

A busca do conforto de segundas habitações rodeadas de árvores, a falta de rentabilidade de muitas florestas que inviabilizam a sua limpeza e as mudanças climáticas fizeram o resto. Há um problema no sul da Europa que só será resolvido quando abordado com seriedade e sem oportunismos políticos. Quando for alvo de uma reflexão séria, sem prazos ou agendas populistas.