Não deve ser fácil alguém deixar um dos cargos mais apetitosos
do país pensando que chega a líder do partido e depois acaba, derrotado, a
negociar lugares na liderança de Rui Rio para os afilhados de Passos Coelho,
oferecendo por contrapartida um consenso que sabe que não vai ser de fácil
digestão.
Não é a primeira vez que Santana Lopes tem destes “vipes” e
larga tudo, já o fez para ser presidente do SCP e fê-lo de novo quando estava
confortavelmente na liderança da Santa Casa, à beira de ser tornar numa espécie
de banqueiro do povo.
EM menos de nada tudo mudou, ficou desempregado, teve de
voltar ao exílio do escritório de advogado e, pelo meio, lá vai ganhando uns
trocos nas conversas familiares com Carlos Costa. Na verdade, Pedro Santana
Lopes, para além de ter uma espécie de bicho carpinteiro da política, que não o
deixa estar quieto, está numa situação que pode ser designada por desempregado
político de duração, ainda por cima sem subsídio de desemprego ou quaisquer apoios
sociais.
E o que faz alguém quando está no desemprego e é ignorado pelos
principais empregadores da sua profissão, neste caso o Rui Rio? Vai em busca de
soluções e nos tempos que correm a moda está no empreendedorismo. Ora se para
um jovem o empreendedorismo significa criar uma empresa, para um cota da
política armado em criança terrível, o empreendedorismo implica criar um
partido.
Sempre que Santana Lopes está na corda bamba dá-lhe para o
mesmo, criar um partido. Depois começa a contar espingardas, telefona-se aos incondicionais
como Rui Gomes da Silva, percebe que nem vai chegar a presidente de uma junta
de freguesia e desiste.