sexta-feira, outubro 30, 2020

NEGOCIAR OU JOGAR?

O BE esteve negociando o OE com o objetivo de levar o governo a ceder em medidas que tornassem esse orçamento mais de acordo com os calores que aquele partido entende serem norteadores de uma política orçamental de esquerda? Ou, em vez disso, limitou-se a jogar, usando as negociações como forma de conseguir protagonismo, sabendo de antemão que ia votar contra, o que lhe permitia exigir cada vez mais para que as negociações acabassem numa rotura? 

Por outras palavras, o BE estava negociando de boa fé ou usando um instrumento de política económica tão importante como o OE para fazer um jogo político que pode ser considerado um jogo sujo? 

Se me tivessem pedido para apostar no primeiro dia das negociações teria apostado na segunda hipótese, o que move o BE são as sondagens e os resultados eleitorais e julgando que o país quer que o Novo Banco vá à falência apostou tudo na rotura fazendo exigências cada vez mais inaceitáveis. 

Começou por tentar fazer chantagem sobre a política orçamental para impor o seu programa ao nível laboral. Até encheu o país de cartazes populista exigindo que as empresas fossem proibidas de gerir recursos humanos enquanto tivessem lucros, mas parece que deixou cair esta bandeira. Restou-lhe a chantagem do Novo Banco, tudo isso de pois de ter levado a incluir no OE algumas das suas medidas. 

O jogo era evidente, mesmo que o BE venha a perder esta jogado, poderia vir a dizer que não se tinha juntado à direita e como prova disso estavam as medidas orçamentais que foram da sua iniciativa. A isto chama-se jogo sujo. 

A leviandade como o BE negociou o mais importante orçamento de Estado das últimas décadas, como se um OE desta importância fosse uma mera brincadeira, servindo para jogos políticos pouco sérios é impressionante. Com um país à beira de um colapso sanitário, económico e social, o BE preocupa-se mais com 2% a mais ou a menos nas próximas sondagens. 

Enfim, é com políticos destes que um imbecil como o André Ventura até parece um grande político aos olhos dos idiotas.