sexta-feira, setembro 09, 2022

A MORTE DA POLÍTICA




A política morreu, aquilo a que se assiste hoje não já é política, não há qualquer debate sério sobre o assunto que diz respeito aos portugueses. Dantes, os responsáveis políticos procuravam afirmar-se pela defesa das suas propostas, por menos importante que fosse o assunto as decisões eram discutidas antes ou depois de serem tomadas com debates políticos.

Agora, em vez de debate política assistimos a truques de comunicação, os políticos vendem as suas propostas como se estivessem a vender manteiga, em vez de provarem que a manteiga é feita segundo as mais rigorosas medidas de qualidade, tentam convencer-nos que é um produto maravilhoso e se for necessário até nos convencem que podemos barrar o pão à vontade, porque não só a sua manteiga é uma maravilha como não tem gordura e ainda consegue eliminar os hidratos de carbono da farinha de trigo com que foi amassado o pão.

Não importa o pensamento politico ou que este não passe do cantar de um galo de um catavento, se os portugueses preferirem o político porque tiram muitas selfies ao lado dele, então em vez de propormos soluções, tiramos fotos a toda a gente. O português comum adora tirar selfies ao lado do Presidente e este não perde a oportunidade de tirar selfies ao lado de todos os que ganham notoriedade com medalhas ou de qualquer forma que conquiste a simpatia dos eleitores.

O que importa já não é a qualidade das políticas, se for necessário recorre-se à manipulação de forma a que um corte de rendimento seja apresentado como uma medida tão caridosa que convenças os eleitores menos incautos. É óbvio que nem todos são assim tão descuidados mas a verdade é que entre os votos dos ignorantes e os votos dos enganados ganham-se as maiorias.

Não se diz o que se pensa ou o que na verdade se decide, mas sim aquilo que vai de encontro ao que a maioria quer ouvir. É aqui que reside esta nova forma de fazer política, em vez de debates sérios assistimos a golpes de comunicação, não admirando que se contratam jornalistas ao preço dos presidentes da República.

A política está a ser substituída por mensagens mais ou menos manhosa, ninguém diz a verdade mas sim o que se julga que os portugueses gostam de ouvir. É o reino do populismo, ainda que haja por aí quem só consiga ver populismo no discurso do lide do Chega. Esperemos que um diz destes não se arrependam pois ao eliminar a seriedade na política estão a escancarar as portas à extrema-direita. E se este populismo fino destruir qualquer forma de oposição democrática, conduzindo o debate à bipolarização entre quem parece querer a mexicanização do poder e a extrema-direita, quando os portugueses perceberem que, afinal, nem tudo está bem, será o André Ventura o grande beneficiário desta forma sinistra de fazer política.