segunda-feira, novembro 09, 2020

UM PETROLEIRO CHAMADO COVID-19

 A ministra é aquilo a que se designa por tagarela, fala, fala, fala e fala tão depressa que no fim ninguém sabe o que ela disse. A diretora-geral da saúde viu na pandemia a oportunidade de ter um brinquedo novo chamado comunicação social. Durante meses o governo deu-nos uma overdose de comunicação a propósito da covid-19. 

O problema é que a atuação destas duas senhoras foi um desastre de comunicação, comportaram-se como amadoras, muitas vezes estiveram mais preocupadas em gerir a sua imagem do que em combater a pandemia e o balanço da sua atuação foi desastrosa, como se começa a perceber no comportamento dos portugueses. 

No caso particular da diretoria-geral de saúde estamos perante um verdadeiro desastre de comunicação, cometeu tantas asneiras que acabou por se transformar numa anedota nacional, os seus disparates destruirão qualquer hipótese de mobilização nacional com base na comunicação do governo. Desde os disparates no início da pandemia à guerra quixotesca contra o uso das máscaras, passando por situações anedóticas como a cena da garrafa, resultaram no desprestígio do Estado e da Administração Pública. 

É evidente que não faltam fãs a dizerem que estamos perante duas heroínas, a partidarite leva a que muita gente fique sem a mais pequenas capacidade de análise e em vez de criticarem para que se corrijam os erros, defende-se alguém e elogiam-se os erros pensando que assim defendem o governo em que se votou. 

Só que a pandemia é como um petroleiro, quando ganha velocidade é difícil de parar e por mais que se tenham encontrado virtudes onde os defeitos eram óbvios, agora o aumento dos doentes, dos mortos e dos que precisam de cuidados intensivos não vão para de aumentar e mais semana menos semana esgotarão os recursos hospitalares, com ou sem a requisição dos privados, com ou a sem contratação de mais pessoal clínico que já não há no mercado. 

Os últimos meses foram um desastre na comunicação e o problema é que numa situação grave vemos uma grande parte dos portugueses num salve-se quem puder em termos económicos, com muita gente convencida de que se o vaso vai cair em cima da cabeça do vizinho. Não é a dramatização do discurso de António Costa ou a meia dose de recolher obrigatório durante dois dias por semana que se vai parar o petroleiro de uma pandemia que ganhou velocidade graças ao comportamento dos portugueses.