Há muito que os países ocidentais se preocupam com o
ambiente, o problema é que apenas se preocupavam com o ambiente nos seus
próprios países, mesmo aqui na Península Ibérica a Espanha escolheu o Tejo para
instalar a sua central nuclear, em caso de acidente o impacto seria minimizado,
o rio levaria a poluição para Portugal. Por todo o mundo os países ricos deslocalizaram
as suas indústrias poluente e a atração desses investimento até ganhou a forma de
estratégia de desenvolvimento. Até que um dia, lá longe, na Índia, numa cidade
chamada Bhopal...
É óbvio que a cada momento deixamos a nossa marca, quando
comemos, quando nos vestimos, quando escrevemos uma carta de amor numa folha da
Renova, quando defecamos, quando respiramos, quando nos deitamos numa bela cama
em madeira que os nosso avós trouxeram das colónias. A toda a hora tratamos mal
o clima, ajudamos os exploradores de países longínquos onde crianças esfomeadas
partem as pedras da nossa bela calçada, plantam o algodão das nossas camisas de
marca ou colhem as belas bananas que nos são vendidas a bons preços numa
promoção.
É óbvio que não podemos deixar de respirar, comer, vestir,
viajar, defecar ou dormir. É óbvio que se deixarmos de comer carne de vaca pouco
compensamos a multiplicação das low costa que nos enchem as ruas de turistas e
nos ajudam a sair da crise. É óbvio que não podemos deixar de comer proteínas e
substituir a carne por algumas variedade de peixe pode dar igual ao litro, o
mesmo sucedendo com legumes que importamos do norte de África ou de outras
paragens.
Mas também é óbvio que se continuarmos com desculpas um dia
destes acordamos numa casa sem telhado ou quando formos aliviar a bexiga
ficamos com a água até aos tornozelos senão até às cruzes. É óbvio que nos empaturramos
em comida que só nos traz problemas, que abusamos da moda graças ao baixo preço
dessa maravilhosa globalização que faz o milagre de transformar a fome de
crianças asiáticas ou egípcias na beleza das nossas top models.
Podemos estar descansados, para muitos de nós o prazo de
validade do planeta ainda dá para estarmos tranquilos, porque quando o vaso
cair já passamos. Mas é uma pena aquilo que estamos fazendo aos que vierem a
seguir e se muito do mundo que conhecemos na infância já não existe, muitas das
próximas gerações irão ver o nosso mundo em formato digital.