Há uns tempos atrás a Organização Mundial de Saúde
desaconselhou o consumo de carne e foi o que se viu, uma imensa campanha contra
as conclusões daquelas organizações com o apoio da indústria, da direita que
apoia toda e qualquer indústria e de um certo marialvismo idiota muito típico
da nossa terra.
A nossa direita, da mais trauliteira à mais fina do programa
“O Último Apaga a Luz” do canal 3, tem um
marialvismo cultural que identifica todas as causas sociais e ambientais que
sejam incómodas para as suas empresas ou instituições como imbecis. Não admira
que a mesma direita que tanto defende a família fique em silêncio quando a
notícia é a morte de uma mulher. Tudo o que cheire a mudança é para combater.
Não admira que um suposto intelectual da direita diga na 3
que se a ideia é comermos ervinhas em vez de carne de vaca teremos de desbastar a Amazónia.
Isto é, o alarve em causa, que sabe muito bem que o desbaste da Amazónia se
destina a prados ou a produzir soja para produzir rações, acusa tudo o que
cheira a ambientalista das culpa da destruição da Amazónia. Isto é, dentro de
muita gente fina da nossa direita há um Bolsonaro.
Agora que o Reitor da Universidade de Coimbra deu um passo que merece ser
discutido aqueles que combateram o relatório da OMS questionam agora o reitor
sobre as questões de nutrição. Esqueceram-se das evidências científicas
divulgadas pela OMS.
Curiosamente ninguém perguntou qual a qualidade da carne de
vaca servida nos refeitórios das universidades, ninguém questionou sobre que
quantidades estão em causa, que peças são consumidas, que quantidade é servida
em cada dose. Por aquilo que dizem até parece que aos estudantes de Coimbra são servidos bifes do lombo
Até vemos uma senhora que para sabermos que é fina e viajada
fala mais de países estrangeiros que visitou do que uma vendedora de uma
agência de viagens comparar uma posta mirandesa com um frango de aviário, para
concluir que a posta faz mais bem à saúde do que o frango. Talvez tenha razão, a
senhora que vá sugerir posta mirandesa aos ingleses que sofrem de cancro do cólon
ou do reto, uma doença que no Reino Unido bate todos os recordes. Ela que lhes dê
lições sobre nutrição.
A verdade é que sempre que se combateu um problema o argumentário foi sempre o
mesmo, fosse com o tabaco, com o açúcar, com o sal ou com a carne de vaca as críticas
são sempre as mesmas, que não há evidências científicas, que faz falta ao organismo,
que sem proteínas ou açúcar não se vive, que vamos perder a liberdade. Pelo
meio tenta-se ridicularizar as medidas ou quem a defende, como estão fazendo ao
reitor de Coimbra.