sábado, setembro 21, 2019

ONDE É QUE EU JÁ VI ISTO?


Há uns tempos atrás a Organização Mundial de Saúde desaconselhou o consumo de carne e foi o que se viu, uma imensa campanha contra as conclusões daquelas organizações com o apoio da indústria, da direita que apoia toda e qualquer indústria e de um certo marialvismo idiota muito típico da nossa terra.

A nossa direita, da mais trauliteira à mais fina do programa “O Último Apaga a Luz”  do canal 3, tem um marialvismo cultural que identifica todas as causas sociais e ambientais que sejam incómodas para as suas empresas ou instituições como imbecis. Não admira que a mesma direita que tanto defende a família fique em silêncio quando a notícia é a morte de uma mulher. Tudo o que cheire a mudança é para combater.

Não admira que um suposto intelectual da direita diga na 3 que se a ideia é comermos ervinhas em vez  de carne de vaca teremos de desbastar a Amazónia. Isto é, o alarve em causa, que sabe muito bem que o desbaste da Amazónia se destina a prados ou a produzir soja para produzir rações, acusa tudo o que cheira a ambientalista das culpa da destruição da Amazónia. Isto é, dentro de muita gente fina da nossa direita há um Bolsonaro.

Agora que o Reitor da Universidade de Coimbra deu um passo que merece ser discutido aqueles que combateram o relatório da OMS questionam agora o reitor sobre as questões de nutrição. Esqueceram-se das evidências científicas divulgadas pela OMS.


Curiosamente ninguém perguntou qual a qualidade da carne de vaca servida nos refeitórios das universidades, ninguém questionou sobre que quantidades estão em causa, que peças são consumidas, que quantidade é servida em cada dose. Por aquilo que dizem até parece que aos estudantes de Coimbra  são servidos bifes do lombo

Até vemos uma senhora que para sabermos que é fina e viajada fala mais de países estrangeiros que visitou do que uma vendedora de uma agência de viagens comparar uma posta mirandesa com um frango de aviário, para concluir que a posta faz mais bem à saúde do que o frango. Talvez tenha razão, a senhora que vá sugerir posta mirandesa aos ingleses que sofrem de cancro do cólon ou do reto, uma doença que no Reino Unido bate todos os recordes. Ela que lhes dê lições sobre nutrição.

A verdade é que sempre que se combateu um problema o argumentário foi sempre o mesmo, fosse com o tabaco, com o açúcar, com o sal ou com a carne de vaca as críticas são sempre as mesmas, que não há evidências científicas, que faz falta ao organismo, que sem proteínas ou açúcar não se vive, que vamos perder a liberdade. Pelo meio tenta-se ridicularizar as medidas ou quem a defende, como estão fazendo ao reitor de Coimbra.