Independentemente do que se possa opinar sobre o caso das golas compradas a uma empresa
recomendada pelo padeiro de Arouca, a verdade é que este processo surpreendeu
tanta gente como surpreendem os incêndios de verão. É fruta da época, os figos
em Agosto, as laranjas no inverno, as sardinhas em junho e os processos
judiciais contra políticos duas ou três semanas antes das eleições.
A situação é tão recorrente que já nem surpreendeu ninguém,
ainda que quando se sabe que o Ministério Público e a PJ têm recursos tão
escassos não tenha deixado de ser surpreendente uma tão grande operação.
Centenas de inspetores da PJ e um rebanho de magistrados por causa de meia
dúzia de golas? Enfim, desde as famosas buscas ao gabinete do Mário Centeno que
não se via nada parecido.
Mas deixemos a justiça seguir o seu curso até porque é
sabido que quando se aproximam atos eleitorais o curso da justiça entra numa
zona de rápidos e redemoinhos. Agora o que importa é analisar a situação e
aceita-se desde já a demissão do secretário de Estado, até porque não lembra ao
diabo contratar o padeiro para assessor e ser este a escolher a empresa que
iria vender as golas. Antes de se concluir sobre se houve ou não corrupção é
óbvio que houve estupidez a mais e um secretário de Estado estúpido deve ser
demitido.
Quanto ao impacto deste espalhafato conduzido pelo
incansável Alexandre lamento dizer mas desta vez o juiz de turno não deverá ter
direito a entrevistas à SIC no quinta de Mação. Convenhamos que as golas dão
menos sainete do que um ex-primeiro-ministro. Além disso o assunto são favas
depois de almoço, já estava mais do que esgotado e aquilo que se tem visto não
é mais do que imagens de arquivo.
O país tem mais para discutir do que golas, padarias e juízes
de Mação, pelo que o assunto não vai ter as consequências que alguns
imaginaram. Digamos que os portugueses já estão imunizados contra esta
manobras.