quinta-feira, setembro 19, 2019

AS GOLAS


Independentemente do que se possa opinar sobre o  caso das golas compradas a uma empresa recomendada pelo padeiro de Arouca, a verdade é que este processo surpreendeu tanta gente como surpreendem os incêndios de verão. É fruta da época, os figos em Agosto, as laranjas no inverno, as sardinhas em junho e os processos judiciais contra políticos duas ou três semanas antes das eleições.

A situação é tão recorrente que já nem surpreendeu ninguém, ainda que quando se sabe que o Ministério Público e a PJ têm recursos tão escassos não tenha deixado de ser surpreendente uma tão grande operação. Centenas de inspetores da PJ e um rebanho de magistrados por causa de meia dúzia de golas? Enfim, desde as famosas buscas ao gabinete do Mário Centeno que não se via nada parecido.

Mas deixemos a justiça seguir o seu curso até porque é sabido que quando se aproximam atos eleitorais o curso da justiça entra numa zona de rápidos e redemoinhos. Agora o que importa é analisar a situação e aceita-se desde já a demissão do secretário de Estado, até porque não lembra ao diabo contratar o padeiro para assessor e ser este a escolher a empresa que iria vender as golas. Antes de se concluir sobre se houve ou não corrupção é óbvio que houve estupidez a mais e um secretário de Estado estúpido deve ser demitido.

Quanto ao impacto deste espalhafato conduzido pelo incansável Alexandre lamento dizer mas desta vez o juiz de turno não deverá ter direito a entrevistas à SIC no quinta de Mação. Convenhamos que as golas dão menos sainete do que um ex-primeiro-ministro. Além disso o assunto são favas depois de almoço, já estava mais do que esgotado e aquilo que se tem visto não é mais do que imagens de arquivo.

O país tem mais para discutir do que golas, padarias e juízes de Mação, pelo que o assunto não vai ter as consequências que alguns imaginaram. Digamos que os portugueses já estão imunizados contra esta manobras.