segunda-feira, setembro 30, 2019

É ÓBVIO


É óbvio que num país onde as investigações se arrastam por meses e anos a divulgação da acusação no caso de Tancos durante a primeira semana de uma campanha eleitoral para as eleições legislativas não foi uma mera coincidência, quem o decidiu não só o fez intencionalmente como pode ter escolhido o momento em que teria mais impacto e condicionaria mais o debate. A notícia foi anunciada uma semana antes e a acusação foi tornada pública de forma a inquinar o debate eleitoral a partir de meados da primeira semana, ganhando maior amplitude com os semanários do fim de semana.

É óbvio que quem assim decidiu intervir sabe que não vai impedir o PS de ganhar as eleições, o que significa que o intuito não é levar o PSD ao governo ou impedir o PS de governar, que se desiludam os que julgam que fazem surf neste caso porque ninguém os levará ao colo e muito menos depois de Rui Rio ter defendido uma alteração na lógica de funcionamento do Conselho Superior de Magistratura. O que pretendem é algo mais perverso, manter a instabilidade para fragilizar os governos e promover a imagem dos políticos incompetentes e corruptos.

É óbvio que há magistrados que não merecem a confiança dos portugueses e que tudo fazem para destruir a democracia, atingindo descaradamente os partidos, os seus pilares, passando a imagem dos magistrados honestos face aos políticos incompetentes e corruptos. Estamos perante uma estratégia típica da extrema-direita.

É óbvio que a calendarização destes processos para saírem sempre em momentos eleitorais configura um desrespeito do princípio da separação de poderes, com os magistrados a usarem os códigos como tanques de guerra num qualquer golpe de estado, onde os coronéis fardados são substituídos por viúvas negras vestidas de toga.

Resta esperar pelo próximo domingo para sabermos se os portugueses ainda alinha em golpes e são tão influenciáveis por jogadas sujas ou se mandam à bardamerda dos seus autores, escolhendo livremente aqueles que querem ver no governo. É óbvio que o vão fazer. Rui Rio acaba por ter razão no único ponto em que mudou de ideias de forma oportunista, em relação à justiça e ao comportamento de alguns magistrados.