Quem ouve a líder do BE e nada sabe das matérias de que ela
fala é bem capaz de achar que a senhora sabe mais do que qualquer outro
político pois falsa de todo e qualquer tema de forma douta e segura. O problema
é que Catarina Martins, tal como qualquer líder partidário, à exceção de Rui
Rio sabe pensar, articular e falar, mas quase tudo o que diz alguém lhe disse
ou escreveu um memorando. De qualquer das formas costuma ter a arte de simplificar
as ideias e propostas transformando todas as ideias populistas da extrema
esquerda seja exibida como soluções mágicas para todos os males.
Todavia, na questão das barragens estendeu-se ao comprido,
primeiro porque desta vez não se mostrou segura e em segundo lugar porque foi
incapaz de sustentar o que disse, passando a ideia de que o problema das
barragens era a perda de água por evaporação. As consequências foram as que
vimos, foi gozada por toda a direita, enquanto a esquerda ficou em silêncio
porque a Geringonça a isso obriga. Como era de esperar, queixar-se da evaporação de água a meio de uma seca é como o Rui Rio aprovar o caderno reivindicativo do Mário Nogueira.
Este incidentes mostrou que a Catarina Martins é uma boa
mistura de patuá com populismo e algumas pitadas de cabeça, uma fórmula que tem
dado mais resultados do que as tentativas do PCP de passar as suas ideias e
projetos. Aliás, seria interessante saber õ que pensará o PCP, o grande
defensor das gloriosas reformas agrárias e das grandes produções agrícolas
sobre esta abordagem ambientalista das barragens e do regadio.
A líder do BE tentou falar do que não sabe e com ares de quem
sabe muito e os resultado foi uma gargalhada da direita e alguma vergonha da
esquerda. É lamentável que a líder do BE tenha agarrado um tem tão sério de
forma tão leviandade, destruindo posições ambientais e de política agrícola que
merecem reflexão e uma abordagem séria e nada oportunista ou populista.
Mas este incidente teve a vantagem de evidenciar o modelo de
atuação política do BE, mostrando o porquê do BE da Catarina Martins e da Mariana
Mortágua ter mais sucesso eleitoral do que o do Louçã e do Fazenda. Este BE esconde
melhor os seus valores ideológicos e vende o que tem graça vender com artes de caixeiro-viajante
com formação em teatro. Fala o que por ser óbvio será o que um eleitor que
pensa pouco quer ouvir, por outras palavras é um BE pouco ideológico e muito
populista.
Mas desta vez a receita falhou e a Catarina foi gozada, provavelmente
terá sido uma das poucas vezes em que não terá merecido ser gozada.