sexta-feira, janeiro 06, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura



Foto Jumento


Olaria do Desterro, Desterro (Freguesia da Pena), Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Está muita coisa a parecer arame farpado [A. Cabral]
  
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Jumento do dia


Eduardo Catroga, professor catedrático a tempo parcial 0%

À beira dos 70 anos e depois de uma carreira bem remunerada e devidamente recompensada com chorudas pensões, Eduardo Catroga deveria ter o bom senso de descansar e se deixar de conversas sobre pentelhos ou de promoções a catedrático da treta. Mas parece que o velho senhor não quer descansar e ainda se sente com forças para mais uma mordomia governamental, desta vez fruto da democratização da economia portuguesa.
 
Eduardo Catroga é o símbolo daquilo a que Passos Coelho chamou de democratização das empresas, vendeu uma empresa pública ao preço da uva mijona e conseguiu agradecer os serviços prestados por Eduardo Catroga com um salário a pagar pelos chineses. Resta agora que Cavaco Silva condecore o seu velho amigo e vizinho na Quinta da Coelha com a Ordem da Liberdade.

Além de já ter idade para ter juízo Eduardo Catroga é suficientemente rico para poder poupar o país a este espectáculo pouco honroso.
  
  Momento musical 
  
   
 O Pingo Doce precisa de talhantes

Numa das suas boas crónicas Ferreira Fernandes preocupa-se com a falta de talhantes no Pingo Doce e sugere que tal é um problema do sistema de ensino. Não me parece, no passado nunca faltaram talhantes e as escolas, mesmo as profissionais, não ensinavam a profissão. Eram os talhos que tinham aprendizes que aprendiam a profissão.

O problema é que os talhos foram à falência muito por força da concorrência muitas vezes desleal feita pelo Pingo Doce, na minha terra dos muitos talhos que existiam sobreviveu um único depois da abertura da loja do Pingo Doce. A par da falência dos talhos que ensinavam a profissão muitos cortadores optaram pela emigração, nos outros países da Europa esta é uma profissão bem paga e o Pingo Doce se os quer que lhes pague.
 
Ora, se os velhos talhantes pagavam impostos e ainda formavam os seus empregados porque razão uma organização como o Pingo Doce não investe um tostão em formação profissional de talhantes? Fará algum sentido quando um empresário como o Pingo Doce vai em busca de menos impostos para a Holanda alguém sugerir que sejam os contribuintes a pagar-lhe a formação dos talhantes? Parece que desta vez Ferreira Fernandes acertou ao lado, deveria ter sugerido a Soares dos Santos que procurasse talhantes na Holanda, talvez encontrasse outros portugueses que também preferiram a Holanda, precisamente os talhantes que não encontra em Portugal, disponíveis para receber ordenados miseráveis para que o senhor Soares dos Santos tenha muitos lucros para pagar impostos aos holandeses. Ironia do destino, a Holanda leva-se os impostos baixos e os talhantes caros.

«Voltando à vaca fria, isto é, ao talho. Ontem, por razões de atualidade (a emigração para a Holanda dos impostos do patrão do Pingo Doce), lembrei uma crónica minha, de há um ano, em que criticara o destaque que os jornais e conversas de café haviam dado a uma opinião política de Alexandre Soares dos Santos, quando se ignorou outra frase sua: "Quero talhantes para as minhas lojas e não os encontro." As reações à minha crónica de ontem foram idênticas às da primeira: falou-se da opinião política de Alexandre Soares dos Santos. Dos talhos, está quieto! Ora é sobre os talhantes que eu quero ouvir falar o dono do Pingo Doce (talvez a empresa que mais talhos tem em Portugal), como é a relação ancas-mamas que me interessa nas misses Mundo, não as opiniões delas sobre a extinção das focas. O problema, infelizmente, não está em Alexandre Soares dos Santos, está no nosso país (e deste não nos vamos livrar, não consta que emigre para a Holanda). Portugal adora bitaites de amadores e não ouve os profissionais que falam de assuntos substantivos de que entendem. E a ironia é que se tivéssemos só ouvido o profissional de supermercados a falar de talhos teríamos ouvido uma crítica política bem mais sólida do que aquela a que demos eco. "Quero talhantes para as minhas lojas e não os encontro" é arrasador sobre a política educativa portuguesa que em décadas de ensino desfasado da realidade não formou os profissionais necessários. » [Ferreira Fernandes DN]

 O André ajuda o Pingo Doce

André Macedo decidiu ajudar o Pingo Doce na sua coluna no DN, com alguma ginástica e misturando alhos com bugalhos deu uma justificação que terá agradado ao velho senhor cheio de massa:

«Calha sempre bem este rigor informativo numa notícia de evidente cariz económico. Ficaram, no entanto, várias perguntas por responder. O leite tinha sido comprado no Pingo Doce? A velhinha era eleitora do Sócrates e tinha conta na Caixa desde o tempo do Vara? O engenheiro era paciente da médica assaltante? Às vezes, na vida, a riqueza de pormenores disfarça a pobreza das ideias. Muitas vezes, no jornalismo, a riqueza de pormenores esconde a verdade da notícia. No caso do Pingo Doce, para não cairmos no erro de olhar para o dedo e não para Lua, o essencial é que a holding dos Soares dos Santos mudou-se para a Holanda porque o sistema fiscal português é um assalto à mão armada. Ou será um caso de psiquiatria?» [DN]
 
O problema de André Macedo é que foi tão esperto que não reparou como a sua tese se vira contra Soares dos Santos. Antes de mais porque o assalto à mão armada a que se refere é uma mentira, em segundo lugar porque enquanto jornalista sabe como os mais riscos têm sido ajudados à custa dos mais pobres, em terceiro lugar porque ao assumir que o patrão fugiu dos impostos está a dar razão aos que defendem o boicote ao Pingo Doce. Uma boa parte dos portugueses, principalmente os mais atingidos pela austeridade e pelo empobrecimento forçado defendido pelo Gaspar, pagam taxas de impostos bem superiores às pagas pelos lucros da família Soares dos Santos.
 
O André acha que há dois grupos de portugueses: os que devem cá estar para trabalhar mais meia hora, serem despedidos quando dá jeito e suportarem a austeridade e o grupo dos que estão onde mais lhes convém.
  
 Dúvida

Depois de ter sugerido aos professores sem emprego que emigrassem para Angola o Passos Coelho também sugeriu aos empresários sem vontade de pagar impostos para emigrarem para a Holanda?
 
 Uma pergunta a Soares dos Santos e a todos os cachorros cá da praça
    
Se a Holanda é tão boa a favorecer os negócios porque razão não enriqueceram lá mas em Portugal? Se facilita tanto os negócios porque não abrem lá lojas do Pingo Doce e preferem países como Portugal, Polónia ou Colômbia?
 
Há um negócio que todos sabemos que é mais facilitado na Holanda, é o da Holanda. Enfim, a família Soares dos Santos levou o dinheiro para um bairro da lanterna vermelha?
  
 

 Uma modesta proposta

«Não sou quem o diz, é a Comissão Europeia: "Entre os seis países da UE mais afectados pela crise, Portugal é o único onde as medidas de austeridade exigiram um esforço financeiro aos pobres superior ao que foi pedido aos ricos, revela um estudo recente publicado pela Comissão Europeia".

A notícia vem no "Jornal de Negócios" e suscita uma questão: sendo o empobrecimento do país a estratégia de saída da crise publicamente assumida pelo actual Governo, não se justificaria que a austeridade incidisse fortemente sobre os ricos até fazer deles pobres? Democratizando a pobreza ao mesmo tempo que democratiza a economia, o Governo realizaria o suave e patriótico milagre da multiplicação dos pobres mais eficazmente do que limitando-se a empobrecer ainda mais os pobres que já são pobres.

Imagino até um "slogan" para convencer os ricos, que costumam ser renitentes quando se trata de deixarem de ser tão ricos: "Faça algo pelo seu país: não vá empobrecer para a Holanda".» [Jornal de Negócios]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Grande Macedo!

«Segundo a estação de rádio, alguns Centros de Saúde dizem que esta cobrança está prevista na portaria com as novas taxas moderadoras. De acordo com a portaria do Governo, estas “consultas sem a presença do utente” são identificadas como actos de assistência médica que podem resultar num “aconselhamento, prescrição ou encaminhamento para outro serviço”. Casos que podem acontecer através correio tradicional, email, telefone ou por uma terceira pessoa.» [CM]

Parecer:

O Macedo não brinca em serviço.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Como consumimos acima do que podemos

«Fernando Monteiro disse que a queda de 31,3 por cento das vendas de carros em 2011 comparando com 2010, conjugado com a importação de usados, "que não caiu e aumentou a sua quota de mercado de 9 para 13 por cento", a previsível quebra de vendas em 10 por cento este ano e ainda a forte componente fiscal em Portugal "irão contribuir para um maior envelhecimento do parque automóvel". » [CM]

Parecer:

Estes e outros dados negam a tese com que a direita defende o empobrecimento forçado da classe média e dos mais pobres.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Passos Coelho.»
  
 Está explicada a presença de Catroga no negócio da EDP

«Está desfeito o mistério da proeminente posição ocupada por Eduardo Catroga durante a cerimónia de assinatura do contrato de venda de parte do capital da EDP aos chineses da Three Gorges.» [DN]

Parecer:

Começa a compreender-se o que Passos Coelho entende por democratização da economia, ele vende o património público em saldo e o comprador dá um tacho a um amigo. Quando alguém questionou a proeminência de Catroga na cerimónia da venda este humilde bem dizia:

«O Câmara Corporativa interroga-se sobre a razão da "proeminência" de Eduardo Catroga na cerimónia de saldos da EDP. Pelas palavras do militante comunista chinês a quem meio governo foi dar graxa a razão parece ser simples, a presença do lienciado promovido a professor catedrático a tempo parcial 0% deve-se ao facto de o preço dado pela EDP ter sido pentelhos. Ou será que alguém o foi apresentar aos chineses?

A verdade é que os chineses já levaram e o original catedrático ainda não levou nada deste governo, nem mesmo pentelhos.»
 
Está explicada a presença do homem dos pentelhos na cerimónia, foi inscrever-se como militante do Partido Comunista da China.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao professor catedrático a tempo parcial 0% quantos pentelhos vai ganhar por mês.»
  
 Assis critica colagem do PS a Cavaco
  
«Francisco Assis, ex-líder parlamentar socialista, advertiu hoje contra "colagens excessivas" de dirigentes do PS em relação às intervenções do Presidente da República, considerando que essa opção "subalterniza" o papel político do seu partido enquanto oposição.» [DN]

Parecer:

Pobre Seguro, se não se colar a Cavaco o que poderá fazer?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Acções do BES a 12 cêntimos

«Os títulos do BES e BCP continuam sob pressão vendedora pelo segundo dia seguido, seguindo a afundar 8,33% e 7,58% para 1,11 euros e 0,122 euros, respectivamente. No mesmo sentido, o Banif perdia há momentos 5,85%, ao mesmo tempo que o BPI cedia quase 2%.» [DE]

Parecer:

Já é renável oferecer uma com cada bica, até se poderia perguntar aos clientes "com açúcrar ou prefere uma acção do BCP que não faz nem bem nem mal à saúde?"

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão no café do bairro.»
  
 Soares dos Santos está a ser manhoso

«O Presidente da Jerónimo Martins confessa que, esta ação, a longo prazo, poderá ter benefícios fiscais, ainda assim defende que não foi esse o objetivo da deslocação e diz estar no meio de uma guerra política: "Aceito perfeitamente que não gostem daquilo que represento. A iniciativa privada nunca foi nada de que o português gostasse. O que não aceito são ataques pessoais".» [Dinheiro Vivo]

Parecer:

Quem tanto exigiu um pedido de ajuda ao FMIO sabia que daí resultariam medidas fiscaios e não está em causa a sua pessoa ou o facto de ser empresário, está em causa um dos políticos mais activos deste país ainda que se esconda sob a capa de empresário e use o poder financeiro para ter fácil acesso à comunicação social e para financiar uma fundação que tem por objectivo servir os interesses estratégicos do Pingo Doce intervindo na política.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Rejeitem-se as declarações do senhor.»
  
 O grupo parlamentar do PSDparece uma "orquestra"

«Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, é "irmão" maçom de Luís Montenegro, o número um da bancada social-democrata, na Mozart, a loja de que faz parte Jorge Silva Carvalho, o ex-diretor do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) e atual quadro superior do grupo Ongoing que foi protagonista de uma série de irregularidades nos serviços secretos, acabando por ser alvo de uma investigação por parte da comissão de assuntos constitucionais da Assembleia da República, cujas conclusões estão a levantar polémica esta semana por causa de referências à maçonaria.
 
Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, é "irmão" maçom de Luís Montenegro, o número um da bancada social-democrata, na Mozart, a loja de que faz parte Jorge Silva Carvalho, o ex-diretor do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) e atual quadro superior do grupo Ongoing que foi protagonista de uma série de irregularidades nos serviços secretos, acabando por ser alvo de uma investigação por parte da comissão de assuntos constitucionais da Assembleia da República, cujas conclusões estão a levantar polémica esta semana por causa de referências à maçonaria.

O jurista e deputado, eleito pelo círculo do Porto, consta de documentos a que o Expresso teve acesso e que expõem a lista completa dos membros da Mozart, um grupo fechado de 41 maçons formado em 2006 no seio da Grande Loja Legal de Portugal, uma das duas correntes da Maçonaria em Portugal.

Contactado pelo Expresso, Miguel Santos recusou fazer comentários sobre o assunto, não negando, no entanto, a sua ligação à loja maçónica.

Além de Montenegro e Miguel Santos, surgem outras oito figuras da Mozart ligadas ao PSD: Pedro Duarte (ex-líder da JSD, ex-vice-presidente da bancada social-democrata e ex-secretário de Estado), Vasco Rato (ex-membro da comissão política do PSD e administrador da Ongoing Brasil), Agostinho Branquinho (ex-deputado e também administrador da Ongoing Brasil), José Amaral Lopes (ex-deputado e ex-secretário de Estado), António Lourenço dos Santos (ex-secretário de Estado), António Neto da Silva (ex-secretário de Estado e fundador da loja maçónica) e José Cal Gonçalves (ex-chefe de gabinete de Carmona Rodrigues).» [Expresso]

Parecer:

Começa a ser musica a mais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
        


 Eve Arnold [21.04.1912 - 04.01.2012]
 




 
 2012: Marking the New Year [Boston.com]










 Winter arrives  [The Atlantic]