terça-feira, fevereiro 14, 2012

A mão invisível


Se alguém imaginava que para o cruzamento de liberais impostos pela coligação a este governo é p mercado, desengane-se, o PSD contribuiu com a mão invisível e o CDS impôs que Deus fosse essa mesma mão invisível. Compreende-se que enquanto nas pastas do PSD não se façam previsões económicas e tudo esteja entregue ao destino, a Vítor Gaspar cabe descobrir desvios colossais e com base nestes adiantar as medidas que há muito considerava necessárias para proceder a uma imensa reengenharia social.

Do lado do CDS nunca se teve vergonha de entregar os destinos do país a Deus, nem sequer se sugerindo medidas, a política resume-se a um “seja o que Deus quiser”. Fieis à tradição da nossa direita formada nas sacristias os ministros do CDS especializaram-se em fazer caridade, como é habitual Paulo Porta pede para si próprio, o Lambretas desempenha o papel do bom cristão e dá esmolinhas aos mais carenciados e a Assunção Cristas faz o papel da Beata e vai a Bruxelas rezar para que Bruxelas nos ajude se formos abandonados por Deus.

Já nem vale a pena recordar a esta ministra que essa coisa de um governo depositar em Deus os destino de um pais é coisa anterior ao Terramoto, a verdade é que este governo está a provocar um verdadeiro terramoto no país e não deixa de ser curioso que se em 1755 a Igreja justificou o terramoto dos portugueses, Passos Coelho também justifica o terramoto com os abusos e luxúria dos mesmos portugueses que agora andam armados em piegas. Enfim, Passos Coelho faz de Deus e de Marquês de Pombal, só se esqueceu dos jesuítas do CDS.

Na economia o governo afirma-se liberal para não fazer nada, na agricultura invoca o seu estatuto de cristão para nada fazer e entregar o destino dos agricultores a Deus. A seca severa que está a destruir a agricultura no centro e sul do país é evidente há dois meses e esta ministra nada fez. Não tomou a mais pequena medida e quando a desgraça está instalada reza a Deus e reúne com o ministro espanhol para concertar a estratégia da pedincha.

A tal senhora que prometia uma espécie de cluster a couve-galega, que apelava aos portugueses para produzir produtos agrícolas, que defendia a substituição das importações, que antes de se falar da emigração apontava a agricultura como o emprego purificador da nossa juventude, vem agora dizer que em pleno século XXI estamos entregues a Deus, ficamos a saber que temos uma ministra para redigir regulamentos de indumentara do ministério e organizar missas e procissões para pedir a intervenção divina e à falta desta vai a correr a Bruxelas pedir por caridade.
 
Para o caso do catecismo da senhora ministra não contemplar problemas de ordem meteorológica aqui lhe deixamos uma oração para que as suas preces cheguem ao Senhor e os seus despachos ministeriais incritos no diário da paróquia possam fazer efeitos e entrar em vigor:

Oração para pedir a chuva

Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra (Mt 11, 21)
Tu és para nós existência, energia e vida (Act 17, 2).
Criaste o homem à Tua imagem (Gn 1, 27-28)
a fim de que com o seu trabalho ele faça frutificar
as riquezas da terra
colaborando assim na Tua criação.

Temos consciência da nossa miséria e fraqueza:
nada podemos fazer sem Ti (Jo 15, 5)..

Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol (Mt 5, 45)
e fazes cair a chuva,
tem compaixão de todos os que sofrem duramente
pela seca que nos ameaça nestes dias.

Escuta com bondade as orações que Te são dirigidas
com confiança pela Tua Igreja (Lc 4, 25),
como satisfizeste súplicas do profeta Elias (1Rs 17, 1)
que intercedia em favor do Teu povo (Tgo 5, 17-18).

Faz cair do céu sobre a terra árida
a chuva desejada
a fim de que renasçam os frutos (Tg 5, 18)
e sejam salvos homens e animais (Sl 35, 7).

Que a chuva seja para nós o sinal
da Tua graça e da Tua bênção:
assim, reconfortados pela Tua misericórdia (cf. Is 55, 10-11),
dar-te-emos graças por todos os dons da terra e do céu,
com os quais o Teu Espírito satisfaz a nossa sede (Jo 7, 37-38).

Por Jesus Cristo, Teu Filho,
que nos revelou o Teu amor,
fonte de água viva, que brota para a vida eterna (Jo 4, 14).
Ámen.

(Papa Paulo VI)

(in Capela de Sto Isidro)