segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Salvar o Sporting

Seria uma pena se este governo caísse e o país perdesse esta verdadeira equipa maravilha da gestão, um All Stars luso de fazer inveja a uma equipa mista do MIT e de Harvard. Depois do país limpo de jovens sem futuro, professores desempregados, militares discordantes e outros enjeitados que andam por aí o governo poderia assumir uma tarefa ainda mais difícil do que pôs os tugas na ordem, salvar o Sporting.

Se o Sporting fosse um país, ou uma “naçõn” como preferem os portistas, seria parecido com a Grécia nas contas, com a Itália na estabilidade governamental, com o Egipto na longevidade dos presidentes, com a Guiné-Bissau na esperança de vida dos treinadores e com o Haiti nos resultados.

Se o governo quer endireitar em dois anos o resultado de trinta de loucura só não endireitaria o Sporting levando-os aos títulos em meia dúzia de meses porque uma temporada demora um pouco mais. Nem sequer seria necessário ensinar aos ministros o futebolês, a linguagem praticada pela maioria deles está ao nível de Manuel Machado, o ex-treinador do Guimarães e do Nacional da Madeira, a explicação do desvio nacional feita pelo Gaspar não fica nada a dever aos raciocínios do Jesus e a postura pimba do Miguel Relvas faria dele um digno presidente da SAD leonina.

O Sporting começaria a poupar em coisas elementares como o aquecimento do balneário ou a rega dos campos, bastaria que a Assunção Cristas assumir a pastas destas instalações. Rapidamente a gestor adoptaria um regulamento de vestuário e os jogadores passariam a jogar de ceroulas e de gorro para se poder desligar o aquecimento nos balneários. Quanto à rega da relva passava a fazer apenas uma vez por ano, a 29 de Fevereiro, no restante tempo a gestora asseguraria as devidas rezas para pedindo a intervenção do divino.

Até podemos imaginar as conversas de Passos Coelho nas suas idas ao balneário, jogador que não se aplicasse a fundo nos treinos e nos jogos seria apelidado de piegas, os que se queixassem de dores como fazem os nossos militares seriam convidados a mudar de desporto e os que se queixassem de ficar no banco seriam convidados a emigrar. A equipa teria cortes de ordenados sempre que se registassem um desvio colossal em relação às metas e se alguém protestasse seria transferido para o Bragança FC sem direito a subsídio para transporte da mobília.

Paulo Portas andaria por esse mundo vendendo a imagem do Sporting, fazendo diplomacia económica distribuindo camisolas e porta-chaves dos Leões. Isso se não se manifestasse cansado da diplomacia sugerindo uma mudança de pasta, uma tarefa mais próxima da alma do clube, os jogadores. O Lambretas poderia continuar dedicado às tarefas da caridade, desta vez pedindo esmolas para o clube, até poderia imitar a Prieto, esposa do Damásio, e construir uma capela em Alvalade, assim poderia gerir melhor a sua actividade na companhia da sua amiga Cristas.

Ao Relvas caberia as relações com a comunicação social, a compra de jogadores angolanos e os negócios off shore do Clube para além de ter a seu cargo as claques do clube, uma garantia de quem se mete com o Sporting leva. O conselho Leonino seria substituído por um novo órgão, o conselho dos velhos. Nele estariam os septuagenários mais dinâmicos e profissionalmente activos do país, gente como Eduardo Catroga, Cavaco Silva, Vasco Graça Moura, Paulo Teixeira Pinto, Manuela Ferreira Leite e João Mota. Até poderia chamar-se conselho dos setenta, não por ter setenta membros, mas sim porque os seus membros terem mais de setenta anos ou os aparentarem em consequência de alguma doença crónica.