quinta-feira, janeiro 07, 2016

A economia do compadrio

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Aos poucos os portugueses têm percebido que a banca é um caso extremo de uma economia de compadrio, um falso capitalismo em tudo semelhante ao que se passa na China. EM vez de termos um capitalismo de Estado, temos um capitalismo que se tornou dono do Estado e usa-o em favor dos seus interesses. Afinal, a banca não é o tal sector modelo que nos tem sido impingido por políticos como Cavaco Silva.
  
A banca é um sector oportunista que tem acumulado lucros à custa do país e beneficiando de uma protecção corrupta por parte da classe política. Quando tem de pagar impostos a banca apela aos políticos para que lhe criem um mecanismo que reduza a carga fiscal, quando quer ganhar mais juros abusa dos seus clientes e pede ao regulador que feche os olhos, quando não quer concorrência externa faz uma procissão a São Bento em defesa da manutenção em Portugal dos centros de decisão, quando mete o pé a argola em matéria fiscal faz um requerimento no “serviço de Finanças do terreiro do Paço” e aparece um parecer e um despacho milagrosos que lhes concede o que pedem.

  É um sistema de compadrio entre o poder e os falsos banqueiros, os políticos metem as namoradas e os amigos nos lugares decorativos da administração dos bancos, colocam os jotas nos balcões, os altos responsáveis do Estado empregam os filhos na imensidão de gabinetes da banca. A banca oferece esquemas financeiros nas suas off-shores, financia as boas famílias com empregos e cargos, financia os políticos promissores, oferece doutoramentos a futuros primeiros-ministros. Em contrapartida abusa dos clientes com negócios vantajosos, beneficia de paraísos fiscais privativos, nomeia altos responsáveis da Administração pública em cargos estratégicos para os seus interesses, obtém despachos favoráveis, consegue legislar a favor dos seus interesses.
  
Não há diferença nenhuma entre o capitalismo corruto da China e alguns sectores da economia nacional, na China o governo inventa capitalistas, por cá são os capitalistas que inventam o Estado e os políticos que lhes interessa. É um capitalismo de compadrio que corrompe, destróis a competitividade, mata as boas iniciativas à nascença, promove políticos e altos responsáveis da Administração Pública. É uma economia de compadrio que assegura que uma boa parte da riqueza nacional fica nas mãos de alguns, ao mesmo tempo que compra jornalistas que asseguram que as eleições sºão ganhas pelos políticos que lhes pertencem.
  
Aquilo que o país tem visto na banca é um sector protegido ao ponto de os nossos políticos confundirem os interesses da banca com os interesses nacionais. Infelizmente, a banca não é o único sector que se alimenta e se alimenta deste compadrio colectivo, outros sectores da economia alimentam-se deste capitalismo de Estado, assegurando lucros fáceis e lucros baixos.
 
Esta economia impede o nascimento de empresas competitivas, esvazia os cofres do Estado e assegura que quando está em dificuldades tem livre acesso aos recursos públicos, assegura condições para ter uma relação de força em relação aos seus clientes, assegura-se que os reguladores são liderados por gente servil, detém os cargos mais importantes do Estado, financia uma classe política sua assalariada. Esta economia tem asfixiado o país e impede o seu desenvolvimento.
 
Os herdeiros dos velhos negreiros e donos das colónias encontraram uma boa forma de se adpatarem ao capitalismo, transpondo para o país velhos negócios de enriqueciemnto fácil.