sexta-feira, janeiro 15, 2016

Exames

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Anda por aí uma grande agitação por causa doas avaliações no nosso sistema de ensino e é bom que assim seja, depois de quatro anos durante os quais um defensor de implosões de ministérios fez o que bem entendeu nas escolas públicas sem que o tema tivesse merecido qualquer preocupação. É bonito vermos personalidades como Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel darem ao ensino a importância que ele merece.

Manuela Ferreira Leite fez muito bem ao colocar o ensino público em confronto com o privado alertando que o segundo nunca ignorará a necessidade de estimular a competitividade entre os jovens. Esperemos agora que a ex-ministra da educação discutam outras diferenças entre sectores públicos e privados em matéria de qualidade, de sucesso e de competitividade. Seria interessante, por exemplo, discutir à luz destes critérios a decisão do anterior governo de aumentar as turmas na escola pública para 28 alunos, ao mesmo tempo que nas escolas privadas subsidiava turmas com 18 alunos. 
  
Ainda bem que o debate dos exames é agora colocado no plano do sucesso do sistema educativo e os seus resultados sirvam para avaliar o sucesso dos alunos e das escolas. Eu sou do tempo em que era primeiro-ministro um tal Cavaco Silva e em tempo de eleições as escolas eram pressionadas pela Inspecção-Geral do Ensino para subirem as notas. Bastar procurar nos jornais da época e serão encontradas notícias abundantes sobre essa prática, quem se sabe se não terá ocorrido no tempo em que Ferreira Leite era ministra.
  
Por aquilo que vou ouvindo fico com a sensação de que na ausência de exames nacionais deixarão de haver avaliações e mesmo testes, por aquilo que ouvi de Manuela Ferreira Leite até fiquei com a ideia de que as escolas privadas continuariam a ter uma espécie de exame fina privado para que os seus alunos fossem melhores do que os outros. Enfim, a ex-ministra poderia ler os jornais, ficava a saber de escolas privadas que inflacionam as notas dos seus alunos para os favorecer no acesso à universidade.

Fico com a sensação de que pare estes pedagogos as turmas podem ter 50 alunos, as salas podem estar geladas, os professores podem andar de rastos porque o que vai garantir o sucesso das universidades e a competitividade da nossa economia são os exames da quarta classe. Acontece que Portugal tem hoje a sua melhor geração de diplomados e de cientistas, doutorados nas melhores universidades do mundo e uma boa parte deles não fez nenhuns dos exames que agora são a condição para o sucesso. 
  
Não seria melhor que estes novos especialistas em educação fossem sujeitos a um exame nacional para aferir as suas aptidões na matéria antes de falarem, para não dizer antes de serem ministros da educação? Andam, andam e ainda sugerem aos pais que ofereçam uma caneta Parker para que as crianças a usem nos exames e um relógio no caso de passarem.