terça-feira, fevereiro 02, 2016

Destruir um país na comunicação social



O país começa a assistir a algo muito semelhante ao que sucedeu nos tempos que antecederam o pedido de ajuda à Troika, os intervenientes voltam a ser os mesmos, as organizações internacionais, as agências de notação, jornalistas sem grandes escrúpulos, a direita cheia de fome de poder e os banqueiros. Só Cavaco Silva tem estado calado, ele que há uns anos foi o grande defensor da submissão do país às orientações das agências de notação.
  
É uma ingenuidade pensar que a direita quer evitar um novo resgate, tudo fez para que tivesse ocorrido o primeiro e desta vez deixou o país armadilhado para se assegurar de que um governo do PS tivesse poucas probabilidades de sucesso. É isso que explica a estratégia de Passos Coelho, em vez de tirar as devidas consequências da derrota política opta por um estatuto de primeiro-ministro no exílio, certo de que o irão buscar quando o país se afundar.
  
O discurso político da direita é óbvio, descredibilizar interna e externamente o governo, tudo fazer para difamar o país instalando a dúvida nas agências de notação. A direita sabe que se a agência de notação DBRS atribuir a notação de lixo à dívida portuguesa isso condicionará a intervenção do BCE e, muito provavelmente, conduzirá o país para um segundo resgate.
  
O projecto político de Passos Coelho, as aberrações que Gaspar e o falecido Borges lhe meteram na sua fraca cabeça, são incompatíveis com um ambiente normal ou com o respeito da legalidade constitucional. Passos sempre apostou num segundo resgate e nunca teve a mais pequena intenção de cumprir os acórdãos do Tribunal Constitucional ou eliminar a sobretaxa, o seu projecto para ou pelo despedimento em massa de funcionários ou por um modelo salarial de semi-escravatura e a desvalorização fiscal implica que os impostos sobre o rendimento do trabalho financiem a redução dos impostos sobre os lucros.

Aquilo a que assistimos é mais do mesmo, só que desta vez o FMI e a Comissão Europeia estão tendo um papel mais activo na manipulação da informação. As hostilidades começaram com o representante do FMI em Lisboa a dizer em segredo a jornalistas amigos que iam fazer dezoito exigências ao governo português. Desde então a Comissão e o FMI têm-se desdobrado em manobras de manipulação da informação que visam fazer chantagem sobre o país, ou se aceita tudo o que de ilegal foi imposto ou o país enfrentará um segundo resgate.
  
É esta a estratégia que está unindo a direita aos sectores mais obscuros das organizações internacionais onde domina uma nova classe de políticos pouco dados a respeitar a democracia.