sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
    
Varoufakis

Varoukakis ainda não digeriu o facto de Tsipras o ter dispensado e não quer regressar a uma vida discreta, depois de durante alguns meses se ter sentido como se fosse uma estrela de cinema. Agora entretém-se a prever o Apocalipse e tudo serve no desespero de tentar ter razão.

«“Estamos a atirar dinheiro que roubamos aos mais pobres para tentar resolver o problema”, acusa Varoufakis, acusando Wolfgang Schauble, Angela Merkel, Christine Lagarde e Alexis Tsipras de montarem “um espetáculo que mostra que a Europa não funciona”. “As pessoas de todos os países estão a ficar frustradas e por isso, partidos de extrema-direita como a Frente Nacional em França estão a ganhar força.”

Confrontado com o exemplo de recuperação económica portuguesa, o ex-Ministro das Finanças grego diz que “nem tudo vai bem” em território luso e recorre a um exemplo: “Portugal ainda tem um dos níveis de endividamento mais altos da União Europeia”. “O país é uma bolha”, garante Varoufakis, colocando a Irlanda no mesmo patamar.» [Notícias ao Minuto]

      
 A austeridade também tem ideologia
   
«As negociações do Orçamento do Estado para 2016 mergulharam-nos num clima de dramatismo e incerteza. Perante o primeiro esquisso submetido a Bruxelas, agências de rating, Comissão Europeia e entidades públicas nacionais de monitorização deixaram o governo isolado na defesa de perspetivas "pouco realistas" e "excessivamente otimistas". Ao mesmo tempo, os partidos da velha maioria fizeram claque e, cá dentro e lá fora, uniram-se na pressão aos comissários de Bruxelas para que estes fossem intransigentes e intolerantes com os devaneios financeiros de António Costa e da sua "geringonça". Chegámos ao ponto de, ainda ontem, assistir à tentativa indecorosa do presidente do PPE, o alemão Manfred Weber, de convencer o Parlamento Europeu de que em Lisboa reina um bando de extremistas antieuropeus, no que foi secundado pelo eurodeputado português Paulo Rangel. Hoje, daquilo que sabemos, e não é muito, há algumas conclusões que podemos tirar. A primeira é que, ao contrário do que nos foi dito ao longo dos anos, há sempre alternativas. Podemos gostar mais ou menos das opções políticas assumidas, mas a verdade é que elas existem. Em segundo lugar é manifesto que a página da austeridade não se vira do pé para a mão com um simples estalar de dedos. Este conceito não passa, para já, de mera retórica política. Vejamos. António Costa resistiu até ao limite - só assim poderia contar com o apoio das esquerdas - a sobrecarregar com mais impostos os rendimentos do trabalho e das pensões. Preferiu fazer uma interpretação ideológica da austeridade que se mantém. Carrega na tributação sobre os fundos imobiliários até agora isentos de IMI, no imposto de selo sobre o crédito ao consumo e as transações financeiras, na fiscalidade sobre os automóveis e os combustíveis e na contribuição fiscal da banca. Ou seja, a carga fiscal aumenta mas em moldes diferentes de até agora. Poderá sempre dizer-se, e é facto, que à classe média o governo dá com uma mão o que tira com a outra. São os chamados impostos indiretos. Mas, apesar de tudo, pode dizer-se que este Orçamento é dos que mais se aproximam do velho slogan do PREC "os ricos que paguem a crise". Ou melhor, e como de costume, a classe média, que é quem tem carro e consome, que se aguente. É óbvio que continuaremos no fio da navalha. Para que o Orçamento socialista seja executado com sucesso é necessário que a economia cresça 1,9% neste ano - abaixo do irrealismo inicial -, que os défices nominal e estrutural se comportem conforme acordado com Bruxelas e que as medidas austeritárias de ideologia diferente permitam arrecadar a melhor das receitas em vez de terem efeitos recessivos. Uma negociação é isto, cedências de um lado e do outro da mesa. Não sabemos que resultados vamos atingir. No fim cá estaremos para verificar se o país está melhor ou pior do que agora. Mas que ninguém mais nos volte a dizer que não vale a pena negociar e que não há alternativas. Elas existem e, em democracia, é assim que deve ser.» [DN]
   
Autor:

Nuno Saraiva.

      
 Acabou a palhaçada do Carnaval
   
«O Governo vai dar tolerância de ponto na próxima terça-feira de Carnaval. Os ministros ainda estão reunidos, em Conselho de Ministros, mas, segundo o DN, o primeiro-ministro António Costa já decidiu.» [Observador]
   
Parecer:

A parvoíce cavaquista de Passos em nome da competitividade foi uma palhaçada boliquieimiana.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 Ainda vamos ter de pedir desculpa ao brutamontes?
     
«O comissário da Polícia de Segurança Pública (PSP) que foi filmado a agredir um adepto do Benfica, no final de um jogo em Guimarães, no ano passado, e que já cumpriu 183 dias de suspensão, está agora com a pena suspensa. A decisão partiu da própria ministra da Administração Interna, que tem dúvidas sobre o cumprimento da pena, noticia a TSF.

Fonte oficial do Ministério da Administração Interna assumiu à TSF que existem dúvidas sobre o cumprimento da pena. Basicamente, o MAI quer perceber se os 183 dias de suspensão que o comissário Filipe Silva já cumpriu descontam aos 200 dias de pena aplicada ou se o castigo deve ser cumprido na totalidade. O Ministério de Constança Urbano de Sousa já solicitou um parecer ao conselho consultivo da Procuradoria-geral da República e até ser conhecido o resultado “o castigo fica suspenso”.

A decisão do Ministério da Administração Interna não surpreende o Sindicato Nacional dos Oficiais da Polícia que partilha as dúvidas e considera o castigo de 200 dias exagerado. O SNOP mantém a decisão de recorrer para o Tribunal Administrativo.» [Observador]
   
Parecer:

Está autorizado a bater...
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

 O MP está de parabéns
   
«A investigação a Ricardo Salgado e a outros antigos administradores do antigo Banco Espírito Santo (BES) deverá ficar concluída até 12 de novembro. Este foi, pelo menos, o prazo proposto pelo Ministério Público e aceite pelo juiz Carlos Alexandre para determinar o fim da fase de inquérito e do segredo de justiça. Ou seja, durante os próximos nove meses, os arguidos não terão acesso ao processo.

Este caso foi aberto pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) a 12 de agosto de 2014. Estão em causa suspeitas de burla qualificada, branqueamento de capitais, abuso de confiança, fraude fiscal e corrupção no setor privado - crimes eventualmente ligados à gestão liderada por Ricardo Salgado, que culminou com o desaparecimento do Grupo Espírito Santo. O antigo presidente do BES, recorde-se, chegou a estar em prisão domiciliária, decretada em julho do ano passado, até dezembro. Antes, porém, os procuradores do DCIAP já tinham pedido ao juiz que fosse decretada a especial complexidade do caso, o que alarga os prazos do inquérito.» [DN]
   
Parecer:

Parece que Ricardo Salgado tem sorte.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao MP e ao super-juiz.»