sábado, março 18, 2017

A “nossa” CGD

Durante muitos anos fui um cliente institucional das CGD, escrevo institucional porque era obrigado a isso, até que alguém mudou a lei e os funcionários públicos puderam mandar depositar o vencimento em qualquer banco. Não tardei a mudar de banco, a CGD nunca teve nada de minha, era atendido como estivesse a comprar batatas no mercado e nunca senti da parte do banco qualquer disponibilidade fosse para o que fosse.

Diz-se que o banco é fundamental para isto e para aquilo, enterram-se alguns milhares de milhões e parece que vai ser o Dr. Paulo Macedo a colocar a CGD ao serviço do país e o senhor Carlos Costa a assegurar que o Dr. Paulo Macedo não nos enterre ainda mais do que já somos. Se a CGD está ao serviço da economia e é assim tão importante, porque não se avalia se foi assim no passado.

Todos sabemos o que se passou na CGD, como e a quem foram concedidos os seus milhares de milhos em créditos malparados, foi aquilo a que se costuma designar um “fartar vilanagem”. O país paga agora a factura desse grande serviço da CGD ao país, a economia borregou, o Estado está endividado, os portugueses ainda sofrem com austeridade.

Mas não é um balanço da acção da CGD em prol do país que as comissões parlamentares de inquérito investigam, antes pelo contrário, andam a discutir tretas como as mensagens de SMS entre Centeno e o Domingues ou procuram encontrar um crédito mal concedido que possa servir para luta partidária.

Mas o que eu queria saber era qual o impacto, positivo ou negativo, que a gestão da CGD teve na economia do país na última década. Gostaria de saber quantos jovens empreendedores foram financiados pelas CGD, qual as percentagens de negócios financiados pela CD tiveram sucesso, se havia alguma preocupação em relação ao país na definição das políticas de crédito por parte do banco.

São as mesmas preocupações eu tenho em relação ao futuro. Ouço o Paulo Macedo prometer maior rigor na gestão do risco, mas nada ouço sobre outros critérios, porque nada me garante que as operações de baixo risco, que são rentáveis, sejam as melhores para o país. Também nada me garante a corrupção não volte a iludir os tas critérios de risco muito rigorosos.

Se a Caixa vai ser gerida como um banco privado então que o seja, mas nesse caso prefiro que venha a ser vendida a bom preço pois não estou disposto a um dia destes ter de pagar os negócios corruptos de chefes de agência ou de administradores pouco escrupulosos com mais uma dose brutal de austeridade.