quinta-feira, março 30, 2017

Em nome da banca

Durante anos a banca foi apresentada como um símbolo de modernização da economia portuguesa, Cavaco Silva, que tinha sido um ativo privatizador de bancos, não perdia a oportunidade para elogiar o sucesso do setor. De um dia para o outro o escritor das quintas-feiras calou-se, esqueceu os bancos e começou a elogiar a produção de bens transacionáveis, de um dia para o outro ia dando em fisiocrata.

Durante décadas os bancos fizeram o que quiseram `s poupanças dos portugueses e à capacidade de endividamento do país, manipularam os juros beneficiando da escassa concorrência, mobilizaram os recursos financeiros do país para financiarem negócios de sócios e amigos, cobraram taxas e comissões a torto e a direito, corromperam vastos setores da Administração Pública, condicionaram as decisões governamentais.

De um dia para o outro os mais de 20 anos de incompetência, oportunismo e corrupção na gestão dos bancos levou o sistema financeiro a um buraco. Nessa hora os banqueiros fizeram chantagem sobre o país, os mesmos senhores que manipularam indicadores contabilísticos para ganharem prémios chorudos, que enriqueceram com negócios na bolsa quase livres de impostos, forçaram o país a suportar as consequências do seu comportamento criminoso.

É importante criar condições para que um banco possa ir à falência sem que tenham de ser os funcionámos públicos, os pensionistas ou os grupos profissionais mais vulneráveis a suportarem as consequências de que não são responsáveis. O país não pode viver sob a chantagem dos riscos sistémicos da falência de um banco, o cidadão comum nada tem que ver com os negócios entre o BANIF e o Alberto João ou com as lutas intestinas do Montepio.

E isso só é possível com transparência, algo que só sucede quando os responsáveis dos reguladores forem escolhidos entre gente com perfil e independência para os cargos, em vez de bananas ambiciosos e disponíveis para lamber os ditos aos governantes: Os portugueses aprenderam duas lições de que não se esquecerão tão cedo, o banco de que são clientes pode ser gerido por bandidos e o governador do BdP que deve vigiar os bandidos pode fechar os olhos à sua atividade criminosa.

Cada cidadão deve ser mais criterioso no seu relacionamento com os bancos, assumindo a sua quota de responsabilidades no momento em que se decide pela gulodice. O BdP deve deixar de ser um coio de gente bem remunerada e com facilidades várias para ser aquilo que dele se exige. Deve acabar a promiscuidade entre administradores da banca e governantes ou deputados.

Quanto a saber se o NB deve ser públcio ou privado, para além de não fazer muito sentido o Estado ter dois bancos públicos, como se fosse a GNR e a PSP da banca, o importante é que os bancos sejam bem geridos e vigioados e que os seus donos saibam que na hora de irem à falência serão os primeiros a pagar a fatura.