sexta-feira, janeiro 12, 2018

ESCOLHA DIFÍCIL

Não quereria estar na pele de António Costa se coubesse ao líder do PS a escolha do futuro líder do PSD, se não é nada fácil escolher de entre os dois candidatos à liderança do PSD qual o que daria um melhor primeiro-ministro, mais difícil ainda seria escolher qual dos dois lhe proporcionaria melhores resultados nas próximas legislativas.

O PSD não parece estar a escolher um líder, pelos debates está a escolher qual o chefe guerrilheiro que poderá ferir mais o primeiro-ministro. O debate chega a um nível intelectual deprimente, tem momentos dignos de crianças do ensino básico, com Santana Lopes a acusar Rio de ter almoçado com um perigoso criminoso chamado Pacheco Pereira e aquele a ripostar mais ou menos da mesma forma.

Não importa as qualidades do futuro líder, Santana Lopes ainda fez em meia dúzia de horas um mega programa de governo, mas a verdade é que em vez de apresentar as suas ideias limita-se a enumerar supostas traições do seu adversário. Rui Rio responde no mesmo tom esquecendo que depois de décadas de conluios nos jogos partidários foi conivente ou participou em tantas trapalhadas quantas as de Santana.

É quase deprimente ver os militantes doo PSD a discutir se Santana odeia mais ou menos António Costa do que Rui Rio, com um a recusar qualquer acordo com o PS e o outro a admitir apoiar um governo do PS. Isto é, o que distingue um do outro não é a capacidade de ganhar, mas sim a forma como vão digerir uma derrota que consideram certa. Pelo meio vem Miguel Relva dizer que ganhe um ou o outro, o futuro líder do PSD vai durar dois anos, isto é, só é eleito para tomar conta da casa.

Se o PS não ganhar com maioria absoluta e Santana for líder ou consegue formar nova geringonça ou o país terá de repetir as eleições. É óbvio que ninguém ao centro ou à direita perdoará a Santana esta entrega do poder ao PCP e ao BE, mas se Costa optar pela repetição das eleições, já que Marcelo nunca cairia na asneira de um governo presidencial apoiado por Santana, é bem provável que o PSD desaparecesse nas segundas eleições.

Se Rui Rio chegar a líder do PSD não só terá um grupo parlamentar formado por um ninho de cobras, como dificilmente conseguirá os eleitores a votar nele para fazer o tal 25 de abril civil sem o apoio de uma maioria constitucional que patrocine as sua idiotices. Se o que Rui Rio tem a propor é o equilíbrio orçamental que Centeno conseguiu ou o tal 25 de abril, dificilmente conseguirá convencer alguém a votar nele.