quarta-feira, março 11, 2020

SOMOS VÍTIMAS DO VÍRUS DA PEQUENEZ


Um cidadão regressa do Japão onde esteve internado e tem à sua espera no aeroporto um secretário de Estado da Saúde e uma secretária de Estado das Comunidade. Encontra-se com a esposa, segue levando a bagagem e atrás deles vem a pequena comitiva governamental, até que chegam ao local combinado, onde cuidadosamente estavam as bandeirinhas para tirarem a fotografia.

Mas que raio de espetáculo foi este, o que foram fazer dois membros do governo ao aeroporto? Se fizeram alguma coisa não fizeram mais do que o seu dever, é para isso que têm chefe de gabinete, um enxame de assessores, motoristas, telefonistas, auxiliares, direções-gerais, institutos e muito dinheiro para que nos seus gabinetes haja muito mais conforto do que numa escola. Não se percebe que tenham decido cobrar o que fizeram perante todo o país!

Sejamos honestos, é ridículo ver membros do governo a aproveitarem-se destas situação para aparecerem em fotografia, com ar de quem salvou o homem e a quem todos devemos ficar agradecidos. Mas será que em plena crise o trabalho daquele secretário de Estado da saúde é ficar com cara de pau nas conferências de imprensa e fazer-se às fotografias?

Do outro lado da cidade, em Cascais o espetáculo foi outro. Um Presidente que decidiu bater o recorde mundial de beijinhos e selfies, que se aproveita da treta dos afetos para promover a sua imagem até ao ridículo decide ficar em quarentena e gastar testes só porque houve uma probabilidade muito remota de poder ter estado na mesma sala com algum jovem portador do vírus na fase assintomática.

Sejamos honestos, se todos os portugueses que verificassem esta situação estariam de quarentena a começar na ministra da Saúde que esteve numa reunião coma sua colega inglesa, bem como um colega meu que estava uma fila atrás no avião em que a ministra regressou de Bruxelas , eu próprio porque tomei café com esse colega, todos os que tiveram comigo e por aí adiante, começando por membros do governos, motoristas, familiares e ministros da ministra, etc. etc. Ainda bem que o Reino Unido saiu da UE, senão ficávamos sem governo....

Mas mesmo em quarentena o Presidente não resistiu ao vício da fama e de ser o centro das atenções, foi à varanda nas traseiras da casa e já lá estava uma jornalista para o entrevistar... Não teria sido melhor o Presidente da República usar o seu poder de comunicação e dar alguns conselhos aos portugueses, acabando com essa treta dos afetos e da quarentena? Não seria melhor se alguns governantes se preocupassem mais com o raio do vírus do que com a sua imagem?