domingo, dezembro 16, 2007

Semanada

CHEGA AO FIM A PRESIDÊNCIA PORTUGUESA DA UE

Com a última reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, esgotaram-se as actividades da presidência portuguesa que chegou ao seu termo. Independentemente da avaliação que possa ser feita das decisões e projectos adoptados o balanço só pode ser positivo.
Pode não concordar-se com o Tratado mas não se pode negar que a sua aprovação foi um processo complexo que chegou ao seu termo. Se agora se questiona a fórmula adequada para a sua ratificação é porque ele existe. É vidente que os que têm saudades do modelo de "democracia" do Comecon queixam-se muito das supostas perdas de soberania, da mesma forma não faltam vozes (até nos que apoiam Sócrates e o Tratado) que não passam de cenas de ciúmes por tão terem tido a oportunidade de serem protagonistas.
Perderam os que odeiam a UE e sonham com uma Europa que já não existem bem como os que têm uma visão provinciana e ruralista dessa mesma Europa. No futuro veremos quem ganhou, ainda que a construção Europeia não tenha qualquer semelhança com uma conta de lucros e perdas.
HÁ INSEGURANÇA?
Os responsáveis pelos últimos homicídios no Porto e em Lisboa actuaram com total impunidade, com os mesmos recursos e técnicas utilizadas para matar seguranças da concorrência poderiam ter matado qualquer cidadão, mesmo um primeiro-ministro ou um Presidente da República. Acabou-se o tempo do compadre que atava o vizinho que lhe roubava a água, do marido ofendido que matava a mulher ou do pilha galinhas que era apanhado na capoeira, estes homicídios são de natureza bem diferente ainda que as estatísticas não o evidenciem. Revelam um total desprezo pela vida humana, são executados a sangue frio por uma nova geração de bandidos formada desde tenra idade nos meandros da criminalidade.
Ficou evidente que não temem as polícias e pelo que se vai sabendo estão perto de usar técnicas que dificultarão a investigação, o tradicional bufo amigo da polícia a troco de dinheiro ou impunidade deixou de ser eficaz. Já lá vai o tempo em que a PJ entrava em campo e dois ou três dias depois os assassinos eram presos.
Estamos perante um problema de segurança novo e de contornos bem mais complexos do que aqueles a que estávamos habituados. Afinal Portugal não é o país dos brandos costumes.
PROMISCUIDADE CRIMINOSA
Pacheco Pereira escreveu um excelente artigo, intitulado "O MEIO", sobre as ligações ao crime na cidade do Porto. O que Pacheco Pereira escreveu sobre a sua cidade poderia ser escrito sobre a nova criminalidade que vai dominando a sociedade portuguesa. Da fuga ao fisco à lavagem de capitais vai u passo, da mesma forma que vai um passo da lavagem de capitais à gestão dos bancos, ou desta à gestão dos clubes de futebol, ou destes às claques e das claques ao tráfico de droga.
O combate ao crime em Portugal não se pode limitar a prender os que "exageraram", porque mataram alguém e expuseram publicamente as suas actividades. O país está apodrecendo aos poucos e só não vê quem não quer ver.
AS CAPELINHAS DA JUSTIÇA
Mais uma vez as corporações do meio da justiça, designadamente as magistraturas, dão um péssimo espectáculo, mostrando que se preocupam mais com o seu estatuto e honrarias do que com a própria justiça ou com o país.
Depois de meses a defenderem as suas mordomias os magistrados não hesitaram em fazer umas tréguas com o governo para se digladiarem entre eles próprios, só porque o PGR decidiu designar uma magistrada de Lisboa para coordenar as investigações no Porto.