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Com a última reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, esgotaram-se as actividades da presidência portuguesa que chegou ao seu termo. Independentemente da avaliação que possa ser feita das decisões e projectos adoptados o balanço só pode ser positivo.
Pode não concordar-se com o Tratado mas não se pode negar que a sua aprovação foi um processo complexo que chegou ao seu termo. Se agora se questiona a fórmula adequada para a sua ratificação é porque ele existe. É vidente que os que têm saudades do modelo de "democracia" do Comecon queixam-se muito das supostas perdas de soberania, da mesma forma não faltam vozes (até nos que apoiam Sócrates e o Tratado) que não passam de cenas de ciúmes por tão terem tido a oportunidade de serem protagonistas.
Perderam os que odeiam a UE e sonham com uma Europa que já não existem bem como os que têm uma visão provinciana e ruralista dessa mesma Europa. No futuro veremos quem ganhou, ainda que a construção Europeia não tenha qualquer semelhança com uma conta de lucros e perdas.
HÁ INSEGURANÇA?
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Os responsáveis pelos últimos homicídios no Porto e em Lisboa actuaram com total impunidade, com os mesmos recursos e técnicas utilizadas para matar seguranças da concorrência poderiam ter matado qualquer cidadão, mesmo um primeiro-ministro ou um Presidente da República. Acabou-se o tempo do compadre que atava o vizinho que lhe roubava a água, do marido ofendido que matava a mulher ou do pilha galinhas que era apanhado na capoeira, estes homicídios são de natureza bem diferente ainda que as estatísticas não o evidenciem. Revelam um total desprezo pela vida humana, são executados a sangue frio por uma nova geração de bandidos formada desde tenra idade nos meandros da criminalidade.
Ficou evidente que não temem as polícias e pelo que se vai sabendo estão perto de usar técnicas que dificultarão a investigação, o tradicional bufo amigo da polícia a troco de dinheiro ou impunidade deixou de ser eficaz. Já lá vai o tempo em que a PJ entrava em campo e dois ou três dias depois os assassinos eram presos.
Estamos perante um problema de segurança novo e de contornos bem mais complexos do que aqueles a que estávamos habituados. Afinal Portugal não é o país dos brandos costumes.
PROMISCUIDADE CRIMINOSA
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Pacheco Pereira escreveu um excelente artigo, intitulado "O MEIO", sobre as ligações ao crime na cidade do Porto. O que Pacheco Pereira escreveu sobre a sua cidade poderia ser escrito sobre a nova criminalidade que vai dominando a sociedade portuguesa. Da fuga ao fisco à lavagem de capitais vai u passo, da mesma forma que vai um passo da lavagem de capitais à gestão dos bancos, ou desta à gestão dos clubes de futebol, ou destes às claques e das claques ao tráfico de droga.
O combate ao crime em Portugal não se pode limitar a prender os que "exageraram", porque mataram alguém e expuseram publicamente as suas actividades. O país está apodrecendo aos poucos e só não vê quem não quer ver.
AS CAPELINHAS DA JUSTIÇA
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Mais uma vez as corporações do meio da justiça, designadamente as magistraturas, dão um péssimo espectáculo, mostrando que se preocupam mais com o seu estatuto e honrarias do que com a própria justiça ou com o país.
Depois de meses a defenderem as suas mordomias os magistrados não hesitaram em fazer umas tréguas com o governo para se digladiarem entre eles próprios, só porque o PGR decidiu designar uma magistrada de Lisboa para coordenar as investigações no Porto.