Por via da evangelização ou do marketing o Natal tende a ser uma data simbólica para quase todos, um momento que com maior ou menor espiritualidade nos leva a pensar em termos colectivos. Quer queiramos, quer não umas boa parte dos nossos valores têm uma raiz cristão, nem mesmo Marx se escapou a esse destino e a sociedade comunista em que o capitalismo deveria desembocar tem muito da definição do paraíso sonhado pelos cristão, ainda que a abordagem seja mais material e menos espiritual.
É um momento de reflexão sobre a nossa condição humana, sobre o que somos enquanto sociedade mesmo humanidade. Excluída a abordagem pimba da nossa comunicação social, que nos empanturra de mortos e feridos graves nas estradas, opções gastronómicas, jantares para sem-abrigo e crises no comércio das prendas, vale a pena dedicar uns minutos à época que vivemos.
Estaremos a construir um mundo melhor? Duvido, acho mesmo que o mundo tende a estar pior apesar da evolução tecnológica, do aumento da riqueza e de todos os avanços da ciência em domínios como, por exemplo, a saúde. Em nome a competitividade deixaram de haver objectivos colectivos, apesar de as empresas nunca terem enriquecido tanto como agora nunca foram tão grandes as pressões no sentido de uma distribuição desequilibrada da riqueza. Se é verdade que no mundo ocidental os pobres poderão ser hoje um pouco menos pobres, também é verdade que estes pobres nunca foram tão excluídos do acesso à riqueza, são menos pobres em termos relativos mas infinitamente mis pobres em termos relativos.
Os benefícios do desenvolvimento tecnológico são mal distribuídos e a globalização está a ser usada como instrumento para desequilibrar ainda mais a distribuição dos rendimentos à escalas nacional e mundial.
O mundo poderia ser muito melhor se não fosse a tacanhez e falta de dimensão espiritual de alguns.