sábado, fevereiro 05, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Faro

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Torre de Belém, Lisboa [A. Carvalho]

Viseu [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Jorge Lacão

O que terá passado pela cabeça de Jorge Lacão para lançar a confusão e dar argumentos à direita para dizer que o governo se está a desintegrar? Mais um ministro candidato a ser remodelado.

«O ministro dos Assuntos Parlamentares não quis comentar se tem condições para continuar como ministro, face às divergências com a bancada do PS quanto à sua proposta de redução do número de deputados.» [TVI 24]

O IRÃO E O EGIPTO

As imagens de hoje da capital do Egipto trazem-me à memória os últimos dias do regime do Xá do Irão, nessa altura as manifestações em Teerão eram gigantescas e quando Reza Pahlavi abandonou o poder o Ayatollah Khomeini foi recebido como um libertador.

Quantos dos iranianos que nessa ocasião receberam o Ayatollah como libertador estarão hoje em presos ou foram mortos pelo regime? Da mesma forma me interrogo sobre se daqui a uns anos muitos dos que hoje lutam pela democracia não cairão um dia às mãos dos Irmão Muçulmanos ou quantas das jovens que hoje vejo nas imagens serão um dia condenadas à condição de mulheres sem direitos?

Tenho muitas dúvidas se desta "libertação" resultará uma democracia ou, o que é muito provável, uma ditadura bem mais dura do que a actual.

ESTADO DE DISTRACÇÃO

«Na quarta-feira, foi tornado público um estudo da Universidade de Coimbra sobre as escolas com contrato de associação que faz o cotejamento entre o número de turmas contratualizadas em cada uma, a origem geográfica dos alunos e as necessidades do concelho em que a escola está inserida. Ficámos pois a saber que das 91 escolas com contrato de associação há onze que o estudo considera não deverem mantê-lo, quer porque a rede pública chega e sobra para as necessidades da zona, quer porque as condições específicas do estabelecimento desaconselham a renovação. Na maioria dos casos, porém, propõe manter os contratos mas reduzindo as turmas contratualizadas, de um total de 2139 - as verificadas - para 1916, ou seja, menos 214.

Pena que este estudo chegue tarde ao debate que tem ocorrido sobre os contratos de associação (que não tem sido muito profícuo, já que ao fim de meses de discussão ainda há muita gente que ignora, ou finge ignorar, que estes se destinam a suprir falhas na rede de escolas públicas e não, como se repete ad nauseam, "permitir aos pais escolher a escola dos filhos"); mas, sobretudo, incrível que seja o primeiro em três décadas de existência desta medida estatal. Porque aquilo que este estudo nos diz é que até agora ninguém se tinha dado ao trabalho de avaliar da necessidade dos contratos e fiscalizar a sua aplicação. O que nos conduz ao que o estudo não diz mas que temos o direito de saber e o dever de perguntar: quem decidiu, quando e com base em quê, contratualizar escolas situadas em cima de escolas públicas (caso de Coimbra, onde o estudo recomenda o fim de todos os contratos)? Com que andaram as inspecções, as direcções regionais e os ministérios distraídos durante 30 anos, que os impediu de fazer contas simples como as efectuadas neste estudo, as quais permitem, por exemplo no caso do Externato João Alberto Faria, em Arruda dos Vinhos (objecto desta coluna na passada semana), perceber que se estava a pagar por uma enorme quantidade de alunos oriundos de concelhos com ampla oferta de escola pública? Como se explica que os contratos permitissem às escolas cobrar ao Estado valores respeitantes a todos os seus custos de funcionamento - desde automóveis a construção de piscinas - e que estes custos subissem enquanto o número de alunos decrescia?

Afinal, que interesses ou valores visaram estes contratos satisfazer, se não foram, como é hoje óbvio, os do acesso universal a ensino público gratuito?

E, já que falamos de direitos constitucionais: alguém me explica como é possível que a rede de escolas contratualizadas por um Estado laico inclua estabelecimentos religiosos? Não contrariará isso, de modo intolerável, a tal de liberdade de escolha?» [DN]

Autora:

Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OS HERÓIS DE 4 DE FEVEREIRO

«
Na madrugada de 4 de Fevereiro, faz hoje 50 anos, o meu pai subiu para o camião e partiu para o Norte. À saída de Luanda viu um grupo estranho. O grupo ignorou-o. E a minha história é esta. Há 50 anos, a minha cidade estava tomada por jornalistas estrangeiros que vinham esperar o Santa Maria sequestrado por Galvão. Corriam rumores de que nacionalistas, presos em 1959 e 1960, seriam deportados para longe - era urgente um levantamento que chamasse a atenção dos jornalistas. O grupo que se cruzou com o meu pai fazia parte de um plano de ataque a prisões e esquadras. Foi isso, e só isso, que aconteceu: assaltos de gente armada contra gente armada. Os assaltos foram gorados, em todos ficaram mortos mais assaltantes que assaltados. Aqueles homens passaram pelas lojas de dezenas de comerciantes brancos indefesos e não os molestaram, terão cruzado mais civis portugueses como o meu pai e nada lhes fizeram. Como técnica de alertar para uma causa foi um fiasco - sabe-se como o terrorismo engrossa as manchetes. Como técnica de convencer um garoto de 12 anos que acabara de se despedir do pai foi um sucesso: desde 4 de Fevereiro de 1961 sou angolano sem qualquer mágoa. Ao contrário de Camus não tive de escolher entre a justiça e a mãe. Um dia farei a lista dos meus: filhos de portugueses que escolheram o país onde nasceram. Será um hino a Portugal, outro amor da minha vida. »
[DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PAGA MULTA COM 16 QUILOS DE MOEDAS

«Segundo a página da autarquia na Internet, o indivíduo, "arquitecto de profissão", usou moedas de um e dois cêntimos "dentro de um saco que pesava 16,125 quilos".

O saco de moedas foi usado para pagar a "multa e o resgate" da viatura rebocada numa "acção de fiscalização de trânsito efectuada pela Polícia Municipal (PM) na terça-feira de manhã, na rua de S. João, por se encontrar em manifesta transgressão".» [DN]

CORTES NOS VENCIMENTOS SÓ PODERÃO VIGORAR UM ANO

«O constitucionalista Jorge Miranda considera ser "inquestionável" o interesse público das medidas para reduzir o défice, inlcuindo os cortes salariais da função pública. Mas afirma que a medida, como está escrita na lei, só poderá vigorar para o próximo ano se o Parlamento votar novas medidas. » [DN]

Parecer:

Digamos que irão vigorar um ano de cada vez.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se o ministro das Finanças que afirmou em público que os cortes eram definitivos.»

MALAUI QUER CONDENAR FLATULÊNCIA EM PÚBLICO

«O Parlamento do estado africano do Malaui tem agendada para debate a partir da próxima segunda-feira a criminalização de manifestações públicas de flatulência.

O ministro da Justiça e Assuntos Constitucionais, George Chaponda, deu um claro sinal de que leva a questão muito a sério ao afirmar, citado pela agência sul-africana SAPA, que "o governo tem a obrigação de garantir a decência pública e de introduzir ordem no país".

Chaponda considerou que o mau hábito de libertar gases intestinais em público é uma consequência directa da democracia, sendo, em sua opinião, necessário que as pessoas aprendam a "controlar a natureza".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Ao que parece a culpa do excesso de "peidos" na rua é da democracia!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

ROUBARAM 750 MILHÕES NO BPN

«O governador do Banco de Portugal revelou hoje, sexta-feira, que "presumíveis fraudes" são responsáveis por grande parte do "buraco" financeiro de cerca de 2 mil milhões de euros do BPN.

Segundo Carlos Costa, as imparidades do Banco Português de Negócios (BPN) ascendem actualmente a 2078 milhões de euros, das quais "grande parte, 750 milhões de euros, terão sido resultantes de presumíveis fraudes". » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Viva o cavaquismo, a roubar tanto os gatunos do BPN não trabalhavam em part-time.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Cavaco Silva para que em vez de suscitar dúvidas quanto à actual administração tome posição sobre os seus velhos amigos.»

MINISTROS VÃO TER QUE MOSTRAR DESPESAS DO GABINETE

«O Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa já deferiu parcialmente duas das 17 acções interpostas pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) que requerem o acesso a documentos relacionados com os gastos dos ministérios.» [Público]

Parecer:

Estou interessado em conhecer a forma como o SEAF e o seu chefe de gabinete usam o cartão de crédito.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

A ESPOSA DO SPEAKERS DOS COMUNS DESPIU-SE

«Os políticos londrinos terão provavelmente falado hoje do mesmo assunto durante as pausas de café: as fotografias, embrulhada num lençol, que a mulher do speaker dos Comuns, Sally Bercow, tirou para a revista do jornal “London Evening Standard”.» [Público]

ROMAN TKACHENKO

YVES SAINT LAURENT