terça-feira, agosto 29, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Adalberto Campos Fernandes

A propósito das viagens à borla o ministro não perdeu tempo e logo no fim-de-semana, aquando da publicação da notícia no Expresso, o ministério apressou-se a informar que na segunda-feira iria ouvir os funcionários. Chegada a segunda-feira o ministro informa que os funcionários colocaram o cargo à disposição e que aguardava informação da Inspeção-Geral de Saúde.

Isto é, depois do fogacho do sábado o ministro retomou a normalidade, pelo que o seu exibicionismo serviu apenas que para que num mesmo governo dois ministros tenham atuado de forma diferente, o da Saúde deu espetáculo enquanto o das Finanças ficou calado. A verdade é que na segunda-feira o da Saúde fez o que estava a fazer o das Finanças e o espetáculo serviu apenas para fazer um brilharete na comunicação social.


 A generosidade da NOS

Porque será que os Belmiro, um dos pilares da moral e dos bons costumes da nossa sociedade, ainda estão calados apesar do seu nome vir referenciado na comunicação como agência de viagens borlistas? Será que o Belmirinho Júnior vai aparecer numa conferência de imprensa com ar de justiceiro como fez em relação ao caso Marquês?

Seria interessante se o Belmirinho Júnior viesse  a público que as borlas dadas a altos quadros não são uma forma de corrupção, certamente destinaram-se a preparar os quadros para melhorarem o seu desempenho.

 As investigações ás viagens

tanto no ministério da Saúde como no das Finanças as viagens estão sendo analisadas, no primeiro pela IGS, no segundo pela própria AT. Desde logo há aqui diferenças de critérios pois nas Finanças a tarefa não foi atribuída à IGF.

Mas coloca-se outra questão, começa a ser evidente que os altos quadros do estado viajam a convite de empresas sem que a decisão seja avaliada hierarquicamente. Não faz sentido que uma viagem seja decidida pelo funcionário ou dirigente, sem que a estão seja avaliada por via hierárquica, O que vai o quadro fazer, o que vai aprender, o que vai avaliar?

Isto não é o Burundi, Portugal não precisa que o Belmirinho Júnior ou qualquer outro pilar moral da sociedade pague as viagens em classe turística para que um alto quadro do Estado vá à Chinha ou onde quer que seja. Num mundo em que as viagens são cada vez mais baratas e em que os adolescentes fazem viagens intercontinentais como quem vai à Caparica só o fato de vermos gente a querer dar o rabo mais cinco tostões a troco de uma viagem é deprimente.

Todas as viagens feitas em segredo e sem qualquer conhecimento e autorização por parte da hierarquia devem ser consideradas viagens feitas a título particular e no interesse pessoal de quem as fez.

      
 E no ministério das Finanças?
   
«O ministro da Saúde anunciou esta segunda-feira que vai aguardar pelas conclusões da intervenção urgente requerida à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) para decidir pela demissão, ou não, dos altos quadros que viajaram à China a convite da Huawei.

Numa nota enviada à imprensa, Adalberto Campos Fernandes confirma que os dirigentes envolvidos no caso, divulgado sábado pelo Expresso, colocaram hoje o seu lugar à disposição, “em particular os senhores presidente e vogal do Conselho de Administração da SPMS [Serviços Partilhados do Ministério da Saúde]. 

A nota visa esclarecer que “os factos ocorridos em Junho de 2015 enquadram aspectos que carecem de clarificação ao nível do seu contexto ético, jurídico e institucional” e que, por isso, logo no sábado foi pedida a intervenção urgente da IGAS. São as conclusões dessa intervenção que o ministro aguarda para poder tomar “uma decisão definitiva, justa e fundamentada”. 

“Durante o dia de hoje ocorreram diversas reuniões com os referidos dirigentes, na sequência das quais foram colocados à disposição os respectivos lugares, em particular pelos senhores presidente e vogal do Conselho de Administração da SPMS”, acrescenta o comunicado. Uma atitude que o Ministério considera positiva, pois considera que “o exercício de funções públicas exige obrigações especiais de transparência, rigor comportamental e observância dos princípios éticos”.» [Público]
   
Parecer:

Parece que no mesmo governo os critérios mudam de ministério para ministério.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se Costa sobre a diversidade de critérios.»
  
 Grande autarca!
   
«Promessa de autarca/candidato: o balcão de Almeida da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai reabrir em breve com um colaborador e, mais tarde, passará para as instalações da autarquia, avançou esta segunda-feira o vice-presidente da autarquia à Lusa. Segundo Alberto Morgado, vice-presidente da Câmara Municipal de Almeida, a reabertura das instalações será efectuada "brevemente", sem adiantar datas.

O autarca explicou à Lusa que o município assinou um protocolo com a CGD, na terça-feira, que "permite alargar as respostas dos serviços bancários às instituições públicas, aos privados e às empresas, ainda que mantendo-se a extinção do código 0057 [correspondente] à ex-agência de Almeida".» [Público]
   
Parecer:

Almeida ficou com um correspondente da CGD, só para que o seu autarca mostre serviço.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma merecida gargalhada.»

 O Belmirinho Júnior anda a pagar viagens
   
«Contactada na sexta, a NOS negou pelos seus canais oficiais: não tinha pago qualquer viagem. No sábado, o Expresso publicou em manchete no semanário: “Altos quadros do Estado apanhados no caso Huawei”. E nessa manhã, na edição online, o jornal noticiou que a parte das despesas os voos tinham sido pagas por “uma empresa parceira da Huawei”. Contactada de novo no sábado, a NOS voltou a negar.

Mas na segunda a Huawei negou ter pago os voos, jornal online Eco noticiou que a NOS os pagara - e a NOS confirmou. O que aconteceu entretanto?

Depois das perguntas dos jornalistas, a administração da NOS ordenou na segunda feira de manhã ao departamento de auditoria uma averiguação interna sobre se havia registo de algum pagamento de viagens a altos quadros do Ministério da Saúde. Havia: uma fatura de cerca de 12 mil euros, de 2015, discriminava os nomes dos viajantes e havia sido de facto paga pela NOS.» [Expresso]
   
Parecer:

Afinal, o Belmirinho Júnior, um dos grandes pilares da moral e dos bons costumes, anda a corromper o país.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma merecida gargalhada.»