domingo, novembro 30, 2008

Semanada


Depois das purgas sucessivas o PCP realiza o seu congresso mais pacífico da última década e, talvez animado pelas sondagens, fê-lo à grande e à francesa, numa sala cara e sem olhar a meios para passar uma boa imagem para as televisões, isso apesar da grave crise financeira, talvez resultante do aumento exponencial da despesa em sms para convocar as manifestações anónimas com que persegue os adversários políticos. Apesar de todo este aparato o congresso não passa de uma encenação, tão bem montada que até os saneados dão entrevistas felizes, com todos os delegados a votar por unanimidade, tudo foi decidido antes do congresso que não passa de uma missa pascal. Curiosamente a grande dúvida está em saber como vai superar a crise financeira, já que uma das soluções está no despedimento de funcionários. Será que a seguir vão fazer mais uma manif e atribuir a culpa dos despedimentos dos funcionários do partido à política neo-liberal de Sócrates? Será que vão aplicar aos despedidos os princípios que exigem que sejam integrados na legislação laboral ou vão preferir aplicar as abjectas leis em vigor?

O cavaquismo puro e duro dos tempos do governo voltou, Cavaco Silva não hesitou em fazer várias intervenções em defesa de Dias Loureiro, o seu braço direito de sempre, não hesitando na afirmação da sua inocência, numa clara pressão sobre a justiça que está a investigar o que se passou no BPN, onde o mesmo Dias Loureiro foi administrador. O nervosismo de Belém levou mesmo a família Silva a emitir o comunicado mais ridículo da história da Presidência da República. Curiosamente Cavaco Silva informou que não tinha nenhuns interesses ou depósitos no BPN e que não fazia negócios na banca portuguesa. Ora, o grande mal do BPN foi precisamente o ter dispensado de usar o território nacional para as suas operações, agora ficamos à espera de um comunicado da família Silva a garantir que não faz negócios em off-shores.

Agora temos uma Presidência da República que manda às urtigas o princípio mais querido da república, todos os cidadãos são iguais perante a lei, e declara que o Dias Loureiro é um cidadão com sangue azul, deve star acima de qualquer suspeita porque o Presidente assim o declarou. Só mesmo nos tempos da monarquia absolutista. Compreende-se, se as hostes cavaquistas ficaram nervosas com a prisão de Oliveira e Costa, imagine-se o que seria se Dias Loureiro fosse pelo mesmo caminho.

O Zé já não é o que era, esperava-se que tivesse usado o acordo entre o PS e o BE para fazer oposição interna e rompê-lo quando mais conviesse a Louça, mas optou por apoiar António Costa. Levou demasiado a sério aquilo que o BE disse na campanha eleitoral, que Lisboa precisa do Zé. Agora o BE precisa de outro Zé.

Convencidos da vitória desde que tiveram a adesão dos pirralhos da JCP, agora especializados em atirar ovos à ministra, os professores decidiram que estavam na hora de impor as suas condições. Os sindicatos, que sempre foram defensores incondicionais da avaliação, avançaram com uma proposta de auto-avaliação, os professores escrevem uma carta ao conselho pedagógico a dizerem que são muito bons e este aprova, agora já não importa se são avaliados por professores mais jovens ou de outras disciplinas.