domingo, janeiro 23, 2011

Semanada

1. Se as eleições que hoje se realizam fossem um leilão de obras de arte a leiloeira ficaria sem compradores e teria de o encerrar, mas como são eleições presidenciais de uma democracia cada vez mais falida teremos mesmo que votar num dele, ainda que todos os candidatos sejam maus e nenhum deles tenha condições para ser Presidente da República, como ficou demonstrado na campanha eleitoral. A única vantagem desta campanha foi mesmo ficarmos a saber que Cavaco não é a virgem que se afirmava, que em cinco anos Alegre não melhorou a sua performance eleitoral, que Nobre tem muito jeito para dirigente da AMI e que se em vez de Fernando Lopes o candidato do PCP fosse um outro qualquer militante o discurso, as respostas, as ideias e o projecto seriam o mesmo.

2. Se esta semana foi tão pobre em ideias como já tinha sido a primeira semana da campanha eleitoral, teve a vantagem de acabar com o mito do Cavaco Silva cuja honestidade estava acima de qualquer suspeita, os portugueses ficaram a saber que a gestão do seu património está demasiado associada a gente do BPN e foi gerida de forma a suscitar muitas dúvidas. O grande economista nada percebe de acções, o homem que se lembrava da homilia de um padre ouvida há cinco anos não se recorda de nada, nem sequer do local onde terá assinado escrituras, o estudioso não prestava atenção à forma como eram geridas as suas poupanças, limitando-se a assinar os cheques.

3. Quem não terá gostado desta semana é Pedro Passos Coelho que se deu ao trabalho de ir a Viseu assistir a uma cambalhota no discurso de Cavaco Silva, depois de ter andado tão animado com a possibilidade de Portugal ser forçado a pedir ajuda externa enquanto Cavaco distribuía responsabilidades e prometia crises o líder do PSD foi ao cavaquistão ouvir o candidato afirmar que ´não gosta de dissolver o parlamento. Animado com as sondagens Cavaco Silva mudou de discurso político e disse a Pedro Passos Coelho que teria de sentreter a ler sondagens durante mais três anos.

4. Os funcionários públicos ficaram a saber que não só lhes foi cortado o vencimento como esse corte obedeceu a critérios arbitrários com o objectivo de reduzir os seus rendimentos para além do previsto no OE. A maioria dos funcionários públicos viram os seus vencimentos reduzidos num montante muito superior ao previsto, muitos deles sofreram cortes superiores a 10% e o ministro das Finanças limitou-se a evasivas e a falsas explicações.