sexta-feira, janeiro 21, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Flor no Estádio Universitário, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Barco moliceiro, Aveiro [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos

Parece ser evidente que o governo aplicou a norma adoptada no OE para maximizar os cortes nos vencimentos e o argumento usado por Teixeira dos Santos é manhoso. O ministro disse que nenhum vencimento sofreria um corte acima dos 10% mas essa não é a questão, o problema é que nos vencimentos que não estão sujeitos ao maior corte os cortes aplicados foram maiores do que o esperado.

O governo foi pouco honesto e transparente e a Teixeira dos Santos não bastou cortar, aproveitou-se da falta de clareza da norma, que como agora se percebe era intencional, para cortar acima do que seria legítimo tendo em consideração as suas declarações iniciais. Bem, a verdade é que Teixeira dos Santos comportou-se de forma manhosa desde sempre pois no início nem sequer foi claro em relação a saber-se se o corte era pontual ou se era para ficar, como se veio a confirmar.

A explicação dada pelo ministério das Finanças para além de ser manhosa é eticamente inaceitável, não é admissível que as regras adoptadas no corte de vencimentos não sejam explicadas e só sejam do conhecimento de Teixeira dos Santos que responde com evasivas.

Cada vez gosto menos deste ministro.

«Milhares de funcionários públicos começaram hoje a receber pelas novas tabelas e menos do que estavam à espera. Isto porque, em vez de se aplicarem as reduções que tinham sido anunciadas sobre os vencimentos brutos - de 3,5% a 10%, dependendo do valor dos salários -, os serviços acabaram por impor uma taxa à milésima, fazendo com que os cortes tenham superado as contas que os próprios trabalhadores e as suas estruturas representativas tinham feito.

Dois exemplos: um salário que em Dezembro era de 2137 euros passou agora para 2045 euros, o que representa um decréscimo de 4,301%, em vez dos 4% que seriam de esperar. Um outro vencimento, de 2718,99 euros, passou para 2533,95 euros, o que correspondeu a uma diminuição de 6,805%, quase um ponto percentual a mais do que os trabalhadores do Estado estavam à espera.

É certo que os intervalos dos cortes nunca foram claramente definidos no Orçamento do Estado, mas o governo também nunca anunciou de que forma ia aplicar a redução salarial: se reduzindo o índice remuneratório anterior se aplicando um imposto. Acabou por recorrer à aplicação de uma taxa específica.» [i]

«A mesma fonte disse ainda "que não há taxa alguma superior ao que resulta da LOE [Lei do Orçamento do Estado] " e que a "redução, por efeito do artigo 19 da LOE, não pode em caso algum ultrapassar 10 por cento da remuneração global auferida nesse mês, nos termos desse artigo". » [Jornal de Negócios]

O DIA MAIS DIFÍCIL DA CAMPANHA DE MANUEL ALEGRE

Quis o destino que os cortes dos vencimentos de alguns funcionários públicos se tenham concretizado hoje, a três dias das eleições presidenciais. Cavaco Silva teve o cuidado de se demarcar desta decisão dois dias antes de cada funcionário público ter ficado a saber quanto lhe era confiscado e Passos Coelho até teve o cuidado de escolher o dia antes para ir passear ao lado do seu candidato.

Houve o cuidado de adiar a distribuição da folha de vencimentos o que habitualmente chega às mãos dos funcionários alguns dias antes de o vencimento ser depositado e a maioria apenas ficou a saber quanto recebeu pelo depósito no banco. Num mês em que foi descontado o dia da greve a que muitos funcionários aderiram e sem os dados relativos ao cálculo do vencimento são muitos os que ainda estão impedidos de conhecer o impacto da medida orçamental nos seus rendimentos.

A medida era necessária ? Aceito que era, mas tal como foi adoptada acabou por ser uma medida cirúrgica que teve por objectivo reduzir substancialmente a despesa sem mexer na despesa que é decidida pelos governantes ao mesmo tempo que se minimiza o seu impacto eleitoral, já que incide sobre os trabalhadores mais qualificados onde o descontentamento já era grande.

O governo poderia ter minimizado o impacto desta medida tornando-a mais equitativa mas preferiu concentrar o odioso da sua decisão num grupo reduzido onde as mudanças de decisão de voto são menores. Poderia ter distribuído a carga por todos os funcionários, poderia ter mexido nas taxas do IRS para não sobrecarregar apenas os trabalhadores do Estado e poderia ainda ter cortado nas pensões mais abastadas. Ao não fazê-lo minimizou os prejuízos eleitorais bem como o impacto da medida no consumo, isto é, optou por sacrificar um pequeno grupo.

Cavaco teve “sorte” quando a poucos dias das eleições foi adiado o julgamento do caso BPN, livrando-se do impacto que esse julgamento teria no debate eleitoral pois seria inevitável que muitos órgãos de comunicação social relembrassem as ligações entre alguns dos seus negócios e a fraude do Banco Central do Cavaquistão. Alegre teve menos sorte, o “atraso” na distribuição das folhas de vencimento adiou a discussão mas era inevitável o processamento dos vencimentos antes das eleições e acabará por ser a primeira vítima de um corte de vencimentos feito à medida das ambições eleitorais do seu partido.

A DÚVIDA DA SEMANA

As pressões de Cavaco Silva para discutir a localização do novo aeroporto de Lisboa terão sido um frete ao seu vizinho na Quinta da Coelha, que com ele fez negócios na mesma quinta e que graças à mudança de localização do aeroporto para Alcochete acabou por ganhar uma fortuna fabulosa graças à valorização dos terrenos que ali comprou?

A verdade é que o mesmo Cavaco que agora assegura que há muito tinha avisado de que não havia dinheiro no caso desta obra pública em vez de questionar a sua realização optou por questionar apenas a localização.

Ai se o tal empresário fosse amigo do Sócrates, o que não andariam por aí a dizer os Palmas e outros.

ENTRETANTO, NO DIA A DIA

«Dois reclusos não o eram tanto como se pensava. Estavam numa carrinha celular à porta do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, ambos com algemas. Estas pareciam - duas argolas, aço - das que se vê nos filmes, um tipo preso às barras da cama, ela aproveitando-se para se ir embora com a carteira dele, ele desesperado e impotente, sem poder desprender-se das tais algemas. As dos dois citados reclusos pareciam destas mas não eram. Explicação da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia: "Há umas algemas que são muito difíceis de abrir, são aquelas que têm qualidade. Há outras que são distribuídas nas forças de segurança, que são muito mais fáceis de abrir. Qualquer cidadão curioso consegue abrir aquelas algemas." Dois reclusos à porta do DCIAP podem não ser grandes cidadãos mas continuam com todos os seus direitos à curiosidade: puseram-se na alheta. Manifestamente não usavam as mesmas algemas dos filmes eróticos. Sá Gomes, director-geral dos Serviços Prisionais, mandou fazer uma vistoria geral às algemas. Ele próprio algemou-se e admitiu à Lusa que as conseguiu "abrir com facilidade". Não eram, pois, eróticas. A agência noticiosa completou a notícia da estranha experiência com esta frase: "O responsável sublinhou que 'foi a primeira vez que tal aconteceu'". Será que o director-geral quis que ficasse bem claro que nunca antes se tinha algemado?» [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SOBRE "VALORES E PRINCÍPIOS"

«Tudo indica que as coisas, na Internacional Socialista (IS), funcionam assim: um partido que imponha uma feroz ditadura no seu país, que ocupe todos os escalões da Administração Pública com "boys" e homens de mão tornando-se um verdadeiro Partido-Estado, que pilhe os recursos colectivos e seja a cúpula política de uma gigantesca rede organizada de corrupção e nepotismo, "reflecte os valores e princípios que definem o nosso movimento" desde que vá mantendo o poder, nem que seja à custa de repressão e da violação sistemática dos direitos humanos.

Logo, porém, que se deixe apear e não ressuscite ao terceiro dia, passa imediatamente a não "reflectir os valores e princípios que definem o nosso movimento" e a IS já não o quer como membro.

Foi o que aconteceu ao RCD, partido do deposto ditador tunisino Ben Ali, que, três dias depois de este e família se terem metido no seu avião privado (acompanhados, segundo os media, de 1 500 barras de ouro do Banco Central) e fugido para a Arábia Saudita, foi expulso da IS por ter deixado de "reflectir os valores e princípios que definem o nosso movimento".» [JN]

Parecer:

Por António Pina.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO JÁ NÃO QUER CRISE

«"A situação financeira é demasiado complicada e a situação económica demasiado difícil", argumentou, para afastar o cenário de uma crise. "O País não aguenta um Governo de gestão", afirmou. "Precisa de estabilidade, serenidade e tranquilidade." À noite, sublinhava que "o País está como que asfixiado por uma gigantesca dívida ao exterior". E a esta dívidajunta-se o "flagelo do desemprego", num quadro "que nos parece explosivo". Mas sem que use a "bomba".» [DN]

Parecer:

Por este andar ainda o apanhamos a fumar mais o José Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso condescendente para com as alterações repentinas de ideias de Cavaco Silva, a idade já não o ajuda a saber muito bem o que disse no dia anterior.»

INICENTE IDIOTA

«"Sou acusado de desobediência [crime punido até um ano]), de me ter atirado para o chão e de resistir a uma detenção!", gritou José Manuel, de megafone em punho, frente aos 11 agentes das equipas de intervenção rápida da PSP ali presentes. "Mentira!", gritaram as dezenas de sindicalistas apoiantes. O julgamento do processo sumário de José Manuel foi marcado para dia 31, às 14.00, para poder ser preparada a defesa.

Marco Rosa - que dos dois foi o único a ser levado à esquadra algemado na terça-feira - está constituído arguido mas ainda "não está indiciado por crime nenhum", apesar de um agente da PSP se ter queixado de que o sindicalista o agrediu. O seu caso baixou a inquérito "e haverá agora um período de produção de prova que o Ministério Público precisa para o acusar do crime de agressão a agente da autoridade [pena até cinco anos] ou de outro crime", explicou a sua advogada Fátima Anjos.» [DN]

Parecer:

Não parece que tenha ocorrido nada mais dos que os habituais gritos e empurrões pelo que a actuação da política ao prender os dois sindicalistas só serviu para ser notícia e entreter os tribunais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

ARGUMENTO MISERÁVEL

«Cavaco Silva fez esta quinta-feira, num almoço em Felgueiras, um apelo à sua reeleição à primeira volta. O candidato a Belém afirmou que prolongar a "campanha" teria "custos grandes para o País". Incluindo "a contracção do créditò" a a "subida das taxas de juro".

Não podemos prolongar esta campanha por mais três semanas, os custos seriam muito grandes para o País", sublinhou o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Os penalizados seriam, enfatizou, "as famílias, as empresas e os trabalhadores". Pensem, disse ainda, "na actual situação económica do País, no que tem vindo a acontecer nos últimos dias".» [DN]

Parecer:

O mesmo é dizer que a crise se dá mal com a democracia. É lamentável que um Presidente da República que se recandidate use este tipo de argumentos para condicionar o votos dos cidadãos, desprestigiando o cargo a que concorre.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se Cavaco que os seus amigos do BPN são mais responsáveis pela crise do que a democracia.»

GUTERRES ERA CONSULTOR DA CAIXA?

«António Guterres, antigo primeiro-ministro e actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, deixou a Caixa Geral de Depósitos (CGD), onde tinha assumido funções de consultor da administração em 2002.

A saída do banco estatal aconteceu em simultâneo com a passagem à reforma do ex-governante, que completou em Abril do ano passado 61 anos de idade. A reforma aconteceu em Junho do ano passado, altura em que pediu para se desvincular da Caixa Geral de Depósitos (CGD), embora em teoria pudesse manter-se em funções. » [DE]

Parecer:

Este país está cheio de truques para dar de ganhar à classe política.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Guterres quanto ganhava e quantas consultas deu.»

OPORTUNISMO

«No dia em que milhares de funcionários públicos recebem o primeiro recibo de ordenado com os cortes nos salários, o candidato à Presidência da República pediu consideração pelos "servidores da função pública". O termo foi o escolhido por Cavaco Silva, numa almoço em Felgueiras, para referir que no próximo domingo os portugueses devem escolher para Chefe de Estado que seja "atento à injustiças na repartição dos sacrifícios que são pedidos aos portugueses". O candidato apoiado pelo PSD, CDS-PP e MEP deu como exemplo "os servidores da função pública que merecem da nossa parte o melhor respeito e consideração".» [i]

Parecer:

Cavaco era o tal que dizia que o problema da Função Pública se resolveria quando os funcionários morressem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se tanto oportunismo.»

ARMANI TROCA RONALDO POR NADAL

«Rafael Nadal e Megan Fox serão a imagem da próxima campanha Primavera/Verão 2011 de Giorgio Armani. O tenista espanhol sucede a Cristiano Ronaldo na promoção da marca. O vídeo da campanha, em Setembro, faz sucesso na net.» [JN]

CALOTES NA COMPRA DE AUTOMÓVEIS ULTRAPASSA OS 1.000 MILHÕES

«A cobrança duvidosa de créditos bancários ao sector automóvel aumentou em Novembro para os 1.098 milhões de euros. Este valor representa uma subida de 29 milhões face a Outubro de 2010 e é nível mais alto de sempre.

Os dados são do Banco de Portugal (BdP) que mostram que, em Novembro, os bancos nacionais tinham 15,52 mil milhões de euros emprestados às empresas do sector automóvel, o que inclui o comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos. » [Portugal Diário]

Parecer:

Grandes caloteiros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Os bancos que se amanhem, com as taxas que praticam têm o prejuízo mais do que coberto.»

CAVACO ANDA SEMPRE CRECADO DE CATEIRISTAS

«"Nós não trazemos autocarros como o Sócrates!", gritava um apoiante aos jornalistas que comparavam a enchente que o líder do PS teve durante a campanha das legislativas no mesmo local.

Apesar da Rua de Santa Catarina não estar apinhada, muitos foram os populares que queriam ver Cavaco Silva ao vivo e a cores, mas que não conseguiram. A confusão foi tal que uma senhora acabou por cair ao chão mesmo em frente ao candidato, acabando por ser socorrida por um dos seguranças. E algumas pessoas queixavam-se de ter sido assaltadas. » [DN]

Parecer:

Dantes eram os carteiristas do BPN, carteiristas encartados pelo cavaquismo, agora são os carteiristas das arruadas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

TÍTUALEGRE, ANTÓNIO COSTA E LOUÇÃ JUNTOS

«O candidato presidencial Manuel Alegre faz hoje em Lisboa a tradicional descida do Chiado e tem no comício da noite a companhia do líder do Bloco, Francisco Louçã, e do "número dois" do PS, António Costa.» [DN]

Parecer:

Isto parece a tomada de posse de um futuro governo alegrista.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se mais uma gargalhada.»

VIACHESLAV POTEMKIN

CESAR