domingo, abril 17, 2011

Semanada

Esta foi a semana de todas as ajudas, chegaram os homens do FMI e do BCE que vieram ajudar as finanças do país, Passos Coelho decidiu ajudar Fernando Nobre a ganhar o prémio de consolação das últimas eleições presidenciais, o próprio Fernando Nobre achou que a queda de Passos Coelho nas sondagens merecia a sua ajuda humanitária, Pacheco Pereira decidiu ajudar o país a perceber melhor o que se passou nas horas que antecederam o chumbo do PEC, Cavaco Silva está agora a ajudar os portugueses a engolirem uma dose de austeridade que ultrapassa em muito aquele que no seu discurso de posse considerou ser aceitável, António José Seguro foi ajudar Miguel Relvas e o PSD na tese de que o PS ganharia com a substituição de Sócrates, ficou a saber-se da generosidade de Oliveira e Costa que deu uma preciosa ajuda às contas familiares dos Silva ficando com o prejuízo do negócio, Passos Coelho tentou ajudar os homens do FMI a perceberem que as contas públicas estão aldrabadas e existe no ministério das Finanças um armário cheio de esqueletos financeiros.

Com o PSD a dividir-se Pedro Passos Coelho precisa cada vez mais de ajuda, sem tempo para adoptar uma estratégia do silêncio tem sido forçado a vir a público para corrigir os erros sistemáticos que tem cometido e que poderão levá-lo a uma derrota eleitoral cada vez mais prognosticada pelos seus próprios pares. O desastre da omissão da reunião com Sócrates e de uma estratégia anti-PEC assente na mentira não só compromete irremediavelmente a sua imagem de seriedade, como vai condicionar a estratégia de Cavaco Silva. Depois de se conhecer a mentira de Passos Coelho a grande dúvida é saber quem o forçou a chumbar o PEC em circunstâncias tão desastrosas. Pela sequência de accontecimentos, pelas declarações públicas de personalidades próximas de Belém, pelas audiências concedidas não é legítima a desconfiança de aqui houve mão divina. Da mesma forma que Manuela Ferreira Leite foi abandonada quando se ficou a saber da conspiração das escutas a Belém, Passos Coelho corre um sério risco de ser igualmente abandonado pelos assessores palacianos.

Alguém terá de ajudar Fernando Nobre a perceber que a democracia não é uma loja árabe onde o preço é regateado, ser candidato a deputado é querer representar os eleitores que depositam um voto de confiança em quem escolhem, não é um jogo de loto em que quem preenche o cartão tem direito ao prémio, se assim fosse quem preenchesse o cartão ficava com a Presidência da República e quem preenchesse apenas a linha ganharia a presidência do parlamento. Para já os portugueses perceberam a natureza da cidadania de Fernando Nobre, é um jogo de ganhos pessoais e de negociação de cargos.

Quem está a receber uma preciosa ajuda sem sequer a ter pedido é Paulo Portas, teve a percepção do que passou nos dias do chumbo do PEC e demarcou-se da estratégia de Belém de da São Caetano à Lapa, assegura o papel do único líder de direita que mantém um discurso de Estado e faz campanha longe das luzes da ribalta. Com toda a confusão gerada pela mentira de Passos Coelho e, depois, com a denúncia do sms feita por Pacheco Pereira os portugueses nem prestaram atenção à notícia vinda da Alemanha, os corruptores alemães gastaram mais de oitenta milhões de euros em luvas no negócio dos submarinos e por cá ninguém questionou quem poderá ter recebido tanto dinheiro. Até a própria Joana d’Arc do combate à corrupção em Portugal está mais preocupada com o impacto das medidas do FMI na corrupção do que parece estar com a própria corrupção.

António Barreto soma e segue em tachos e mordomias, financiado pela fundação das mercearias e apoiado em Belém vai enriquecendo o seu pecúlio e somando mordomias estatais, mais uma vez foi nomeado para as comemorações do Dia de Portugal. Os seus livros vendem bem no meio das batatas e das cebolas com os altifalantes a sugerirem às velhinhas para que o comprem pois ficarão a saber se vão continuar a ter reforma. Lá fora os grandes sociólogos são promovidos pelas revistas científicas, por cá parece que são oferecidos como promoção na compra de batatas.