domingo, julho 17, 2011

Semanada

 
Esta foi uma semana de desvios colossais, desviaram-se contas que ninguém sabe quais são, desviou-se uma boa parte do subsídio de Natal para os bolsos do Gaspar, desviaram-se as funções da secreta, decidiram desviar os lucros de algumas empresas públicas para o sector privado, desviaram a atenção dos portugueses para as gravatas do ministério da Agricultura, até há quem fale em desviar o velho “Gil Eanes” enferrujando encostado a um qualquer cais.

Se no passado um ex-Presidente da República liderou uma viagem de circum-navegação para combater os indonésios em Timor, nos tempos que correm arriscamo-nos a ver um velho timoneiro agora Presidente em Exercício a desencostar de novo o “Gil Eanes” do cais para entrar pelo Rio Hudson adentro e entrar com a proa pela sede da Moody’s em Nova Iorque. O que é preciso é entreter a malta e a melhor forma de provocar um desvio colossal da atenção dos portugueses que deveria estar a olhar para o imposto extraordinário é inventar um inimigo da Nação. Do mal o menos, ficamos por uma guerra de Facebook, da última vez que isso sucedeu os ditadores argentinos invadiram as Malvinas e o cruzador “Belgrano” ainda está no fundo do mar, podemos poupar o nosso velhinho “Gil Eanes” para novas aventuras nacionais.

Vítor Gaspar divulgou a lista das empresas ou partes das empresas a privatizar e a conclusão que se tira é que em vez de acabar com prejuízos o governo parece ter optado por um colossal desvio de lucros transferindo para o sector privado o que dá lucros no sector público. Aliás, a conferência de imprensa de Gaspar foi dedicada aos desvios, para além das privatizações e das explicações hilariantes das palavras atribuídas a Passos Coelho, explicou em pormenor como ia desviar o subsídio de Natal de alguns portugueses para os cofres do seu ministério.

Depois de ter sido o Álvaro a distrair-nos com as suas infantilidades foi a vez de a ministra da Agricultura ter ajudado Passos Coelho ao desviar a nossa atenção dos problemas, deu autorização aos seus funcionários para deixarem de usar gravata. Agora ficamos à espera de um regulamento de indumentária que indique que peças de roupa podem os funcionários usar consoante a temperatura ambiente, imagina-se que quando a temperatura chegar aos 40 graus podem ir para o ministério de fato de banho e camisola de alças.
 
A secreta que deveria andar a cuidar da segurança do país sofreu o desvio colossal na sua atenção ao ser solicitada a saber dos negórios de Eduardo Bairrão. Com este desvio colossal é de ver que quando alguma beldade se fier ao piso a um governante este manda a secreta investigar o passado amoroso da rapariga senão mesmo o seu estado virginal. Há um desvio colossal dos valores da democracia quando um primeiro-ministro faz encomendas à secreta para uso pessoal e, pior ainda, na sequência de uma sms de uma fulana qualquer.