terça-feira, julho 12, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Baixa de Lisboa
Jumento do dia


Marques Mendes

Se a hipocrisia e o cinismo de quem ignorou na crise financeira internacional para chegar ao poder tivesse como consequência a condenação pública o ex-líder do PSD Marques Mendes teria vergonha de sair à rua. Agora já reparou que houve uma crise internacional e que a situação financeira do país tem muito que ver com uma crise do euro.

Haja vergonha na cara.

«Há males que vêm por bem. Este ditado popular bem pode aplicar-se à recente decisão da Moody’s sobre Portugal. O exagero da agência pode fazer com que a Europa desperte e mude de vida. Afinal, a Moody’s serviu-se de Portugal para atacar o euro. É que – importa recordá-lo – a crise das dívidas soberanas não tem, apenas, uma dimensão nacional. Tem também uma dimensão europeia. E é justamente a resposta europeia que tem faltado nesta Europa liderada por um conjunto de míopes políticos.

Há 4 anos, começou nos EUA a crise financeira que ainda hoje nos atormenta. As três principais agências de rating – todas norte-americanas – tiveram uma enorme responsabilidade. Classificaram como bons activos indesejáveis. Sancionaram investimentos fraudulentos e até criminosos. Em função disso, a União Europeia exigiu regulação e fiscalização das agências de rating. Mais do que isso. Advogou a necessidade de criar finalmente uma agência de base europeia, independente e credível. No entretanto, tudo permaneceu na mesma. Como sempre, nos últimos anos, a Europa regista entradas de leão e saídas de sendeiro.

O euro é, à escala global, uma grande construção, pioneira e inovadora. Mas, para ser sólida e sustentável, a moeda única requer políticas comuns. No plano económico, financeiro, orçamental e das dívidas públicas. Infelizmente, é o que não temos. A Europa tem um Ministro dos Negócios Estrangeiros (embora com outro nome e sem visível modo de vida) mas não tem um Ministro das Finanças Europeu. A Europa não emite dívida pública europeia e, por isso, os seus países mais fracos ficam sujeitos aos humores especulativos dos mercados. Em conclusão, o euro é uma casa bonita, com telhado transparente mas sem alicerces sólidos. Corre o risco de ruir. Só a cegueira da elite europeia não vê esta realidade.

Mais grave, porém, do que esta situação é a incapacidade da Europa para lhe fazer frente. Em boa verdade, não devíamos queixar-nos das agências de rating, mas sim desta Europa sem alma, sem estratégia, sem política e, sobretudo, sem líderes à altura do desafio que têm pela frente. Aqui é que está o vício. Veremos se a bofetada da Moody’s ajuda a vencê-lo. Já não seria sem tempo. » [CM]

 Raciocínio simples

Se hoje um ataque às agências de rating é uma forma de defender o interesse nacional, os que no passado as defenderam e apaparicaram prejudicando o país traíram a sua pátria. Muitos dos que hoje se armam em grandes defensores do interesse nacional não passam de traidores oportunistas.
     
 

 À beira de um ataque de nervos

«Por mais que o tema tenha sido comentado, não há maneira de fugir à desgraça que nos caiu em cima. A notícia que recebemos, com o desprazer próprio de quem não a esperava, de que a nossa capacidade de pagar o que devemos foi atirada para o lixo, como se fôssemos uma rodilha, gasta e ensebada, provocou uma estranha comoção nacional. E logo a nós, portugueses, herdeiros da gesta que cruzou mares desconhecidos e galgou terras sem fim, cumprindo um desígnio universalista, num tempo em que, é preciso dizê-lo, os antepassados de alguns senhores da Moody''s se amontoavam nas prisões de Londres por terem assassinado pai e mãe e por outros crimes do género. A comoção nacional a todos tocou, e não era para menos. Desde o canalizador do meu bairro até ao senhor Presidente da República. Este, homem sisudo e de parcas palavras, que se manteve em silêncio sepulcral na iminência de uma crise política, em Março, a qual acelerou vertiginosamente o aumento dos juros dos agiotas protegidos dessas agências e dificultou o acesso ao crédito de que precisamos como pão para a boca, desatou finalmente a língua contra as agências de notação. Envoltos na espuma dos dias, já nem sequer nos lembramos que, em Março, os juros dos empréstimos a três anos estavam nos 6% e hoje estão nos 19%. Como, também, não nos interessa lembrar que uma outra dessas agências de notação nos desclassificou cinco níveis, em Abril passado, empurrando-nos, então, perigosamente para o que eles classificam como lixo. Nessa altura, ninguém tugiu nem mugiu, como se isso se encaixasse num plano de descrédito do anterior primeiro-ministro.

Agora que temos um novo primeiro--ministro e um novo governo, apoio financeiro do FMI e do BCE e um plano de recuperação a cumprir, os senhores da Moody''s tiveram a desfaçatez de nos dar este "murro no estômago". Ainda por cima, no momento em que o novo governo, mal tomou posse, correu a aumentar as receitas do Estado, à boa maneira do anterior governo, coisa que estava fora do acordo com a troika, aplicando-nos um imposto extraordinário que, qual navalha afiada, nos cortou ao meio o subsídio de Natal, impedindo-nos de contribuir para que a recessão não nos afunde completamente. Nem sequer quem nos mandou para o lixo deu atenção às profecias de gente informada, como Manuel Ferreira Leite, que avisou, a tempo e horas, não ter dúvidas de que as mesmas medidas tomadas por um governo que suscitasse confiança aos mercados teriam outra reacção por parte dos mercados. A reacção não se fez esperar, demonstrando que não se tratava de falta de credibilidade do governo anterior, mas de um processo complexo entre credores e devedores. É caso para dizer: o novo primeiro-ministro está a beber a cicuta com que, enquanto líder da oposição, envenenou o seu antecessor. O novo governo começa a mostrar indícios de que, afinal, não tem outras soluções para além das que Passos Coelho rejeitou antes. Perdidos quase seis meses, estão a vir ao de cima os mesmos argumentos invocados por José Sócrates em sua defesa: estamos dependentes da crise internacional, do contágio da Grécia, da ganância dos mercados, das agências de notação. O que é verdade. O que já era verdade no passado, mesmo quando os actuais protagonistas políticos o negavam.

Não haja ilusões. Não chegaremos aos mercados, em condições normais, em 2013. Estamos completamente dependentes de uma Europa sem tino, nem destino. Numa Europa em que a reestruturação da dívida grega nos pode sugar, em juros, os subsídios de férias e de Natal dos próximos anos, sem que se veja luz ao fundo do túnel. É altura de começar a dar murros na mesa onde se sentam a senhora Merkel e o senhor Sarkozy. Ser bem comportado e só fazer o que nos mandam é, no momento em que a Europa se desfaz, ser cúmplice de uma catástrofe anunciada.» [i]

Autor:

Tomás Vasques.
      

 O Álvaro já fez um milagre

«A indústria nacional de calçado continua a reforçar o seu estatuto de sector mais positivamente contribui para a balança comercial portuguesa, com um saldo que deverá rondar os 850 milhões de euros no final do ano, enfatiza a associação patronal APICCAPS com base nos dados do INE.» [i]

Parecer:

Este Álvaro é ainda melhor do que Santinha da Ladeira ainda mal sabe onde fica o gabinete e já conseguiu um aumento das exportações. Por este andar em vez de oo tratarmos por Álvaro ainda o vamos tratar por santinha da Horta Seca.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se o alto desempenho do Álvaro à frente da pasta da Economia!»
  
 Do que se livrou o Macedo...

«A bolsa de Lisboa lidera as perdas entre os principais mercados do mundo, ao acumular um tombo de 4,15% para os 6.854,11 pontos.Os títulos da banca apresentam as piores prestação do índice. O BCP arrecada a pior performance do sector da bolsa, com as acções do banco liderado por Carlos Santos Ferreira afundam 6,84% para os 0,327 euros, um novo mínimo histórico.Os papéis do BES perdem 6,02% para os 2,293 euros, acompanhados pelos do Banif que deslizam 4,99% para os 0,59 euros e pelos do BPI que regridem 2,68% para os 0,907 euros.» [DN]

Parecer:

É estranho ter abandonado o BCP para ganhar cinco vezes menos do que ganhava quando era director-geral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se...»
  
 O mercado não gosta deste governo?

«O principal índice da bolsa portuguesa, o PSI 20, fechou hoje a perder 4,28 por cento para 6.844,98 pontos, a sessão de maior queda intra-diária desde o início do ano.» [DN]

Parecer:

Isto está cada vez pior.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apele-se a Cavaco Silva e Passos Coelho para que salvem o país.»
  
 Empresas portuguesas rescindem com notadoras americanas

«Em apenas um dia - sexta-feira passada - cinco entidades públicas portuguesas romperam ou decidiram não renovar contratos com as agências de rating americanas: Moody''s, Standard & Poor''s e Fitch. O rompimento com as agências é quase sempre acompanhado por duras críticas à actuação destas instituições na análise das situações específicas de cada cliente. Pelo menos oito entidades nacionais - Brisa, BES, Espírito Santo Financial Group, câmaras de Lisboa, Porto, Cascais, Sintra e ANA - Aeroportos de Portugal - anunciaram decisões nesse sentido no último ano. Açores e Madeira contestaram durante a despromoção.

O movimento ganhou força na semana passada, após um corte inesperado de quatro níveis da classificação da dívida portuguesa pela agência Moody''s. Mas a denúncia ou não renovação de contratos com as grandes agências de rating americanas começou em 2010. A Brisa e o Banco Espírito Santo dispensaram uma das agências com quem trabalhavam. A concessionária de auto-estradas anunciou o fim da ligação à Standard & Poor''s em Setembro, sublinhando que as duas outras agências - Fitch e Moody''s - adoptavam uma metodologia clara na avaliação das empresas e do sector.

Mais directos foram os ataques do BES à Fitch. O banco anunciou que não ia renovar o contrato com esta agência, por considerar que a redução do seu rating três níveis em três meses não reflectia a solidez financeira do banco. Em Janeiro deste ano, foi a vez de o Espírito Santo Financial Group, accionista do BES, terminar o contrato com a Fitch, contratando de seguida a agência canadiana DBRS, que é em regra mais benevolente na atribuição de notas de dívida.» [i]

Parecer:

Ainda foram poucas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se quais as empresas portuguesas que se mantêm ligadas a agências de rating americanas.»