quinta-feira, junho 21, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Curiosidade
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Teresa Morais, secretária de Estado

Perante a vaga de violência doméstica que em poucos dias fez várias vítimas mortais a nossa secretária de Estado não diz o que está fazendo para a combater, não dá explicações para o fenómeno, nem se manifesta muito preocupada. Em vez disso revela uma grande preocupação com a imagem do governo, isto é, com a sua própria imagem, é por isso que garante que não há evidências estatísticas que permitam concluir que há um aumento da volência doméstica.
 
Quase todos as semanas há uma portuguesa que é vítima mortal de violência doméstica, este tipo de homicídios é dos que tê maior peso estatístico, as maiores vítimas de violência são as mulhesres. O que faz o governo? Nada. É como se fosse um fenómeno de menor importância, como se passa entre paredes não provoca alarme público e por isso pode ser ignorado, não tem qualquer impacto eleitoral.
 
«A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade disse esta quarta-feira ver "com muita preocupação" os mais recentes casos de mortes de mulheres em contexto de violência doméstica, mas negou que os números estejam a aumentar. 
  
Teresa Morais explicou que os casos recentes não permitem ainda apurar se em termos estatísticos haverá uma subida, embora admita que se a contabilidade fosse feita agora, tendo em conta esses casos, o número de mortes estaria acima da média.» [CM]
   
 

Agasalhados do mar ao ar

«A 10 de junho, publiquei no DN duas páginas inventadas, claro, com uma entrevista a um navegante de Quinhentos. O entrevistado era falso mas os dados referidos pelo marinheiro eram verdadeiros, retirados de livros de História, citados no fim do artigo. Uma das respostas do meu navegante lembrava que a Casa da Índia, que geria o comércio trazido pelas naus da rota do Oriente, tinha de entregar, nos finais de 1500, cerca de 40 por cento da carga ao capitão, pilotos e mestres de cada barco (na sua fundação, em 1503, aquele direito era só de oito por cento). Quer dizer, aquele punhado de tripulantes, além do soldo, ficava com quase metade das especiarias, seda e goma lacada, fruto de um negócio que era um desígnio nacional e antigo - nascido com a plantação de pinhais, a construção de estaleiros, a presciência de reis, o saber de cosmógrafos e a coragem de soldados. E esse desígnio nacional acabou em quase metade da pimenta e canela abarbatada por alguns - justamente conhecidos por "agasalhados" - cuja força lhes vinha de ocuparem a cabina e poderem chantagear: ou temos metade do espaço da nau para o nosso tráfico ou não há Império nem Índia para ninguém... Em fins de Quinhentos a Casa da índia estava falida. Esta semana, os pilotos da TAP anunciaram que farão greve em julho e agosto (quando mais mal faz aos portugueses). Esses pilotos consideram-se com direito a 20 por cento na privatização da TAP. Porque não 40?» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
 
PS: A crónica está gira mas não bate a bota com a perdigota, leio no site da SIC que o motivo para a greve é outro. Quanto aos 20% parece que alguém quis agasalhar os pilotos e prometeu-os.
  
 A ERC faz mais um favorzinho a Miguel Relvas!

«1. Há coisas em Portugal absolutamente inexplicáveis. Inexplicáveis, mas não surpreendentes. Lembram-se que escrevi aqui no POLITICOESFERA, há pouco tempo, que era quase certo que a ERC iria absolver Miguel Relvas, atendendo à composição deste órgão? Pois bem, assim dito, assim feito. Daí que a decisão preliminar da ERC tenha (para já) passado despercebida pelo cidadão comum: a comunicação social também ainda não lhe está a dar o devido destaque. Trata-se de uma decisão que envergonha a democracia portuguesa e incomoda inclusive os próprios membros do órgão que tomou a decisão. Tal incómodo transpareceu da reacção de Carlos Magno (presidente da ERC) que, ao invés de explicitar a decisão certa da ERC, remeteu qualquer explicação para o momento da divulgação da decisão final. Como cidadão (orgulhosamente) português, tenho que afirmar que esta decisão da ERC nada mais é que um frete (mais um!) a Miguel Relvas: como é possível que haja uma ameaça a uma jornalista do Público - que a própria direcção, embora tivesse tentado abafar, confirmou - e o órgão que regula a comunicação social excluí qualquer responsabilidade de Miguel Relvas! Não cabe na cabeça de ninguém, a não ser nos senhores membros da ERC! É por esta e por outras que os políticos portugueses vão passando pelo Governo, destruindo o nosso querido Portugal, delapidando os nossos recursos colectivos - e nada lhes acontece! Existe uma subserviência inaudita, chocante das entidades reguladoras - ou melhor das pessoas que compõem as ditas entidades - face ao Governo. E Miguel Relvas é um indivíduo que goza de um estatuto de impunidade absoluta em Portugal: faça o que fizer, actue como actuar, nunca é tocado. Qualquer pessoa minimamente independente, imparcial, que pense pela sua cabeça, percebe que Miguel Relvas actuou no sentido de constranger a jornalista do Público, tentando silenciá-la. É assim que Miguel Relvas vai sobrevivendo....
  
2. Este caso suscita a questão mais ampla de equacionar o papel e a relevância das entidades reguladoras, teoricamente independentes. No tempo de José Sócrates, a ERC basicamente limitava-se a defender o Governo, sendo Azeredo Lopes (o anterior presidente) o guarda-mor, o zelador de José Sócrates. Agora, muda-se o Governo, muda a composição da ERC - mantêm-se os seus vícios. Desta feita, Carlos Magno e Raquel Alexandra surgem como os defensores de primeira linha de Miguel Relvas! Notem que quem remeteu qualquer esclarecimento sobre as pressões de Relvas à jornalista foi o próprio Governo: alguém acredita que, caso Passos Coelho não soubesse de antemão a decisão da ERC, enviaria o caso para este órgão? Nem por sombras! Os nossos impostos estão a pagar um simulacro de entidade reguladora que faz tudo - menos regular, menos controlar. Os nossos impostos estão a pagar a incompetência mais atroz - a Autoridade da Concorrência não actua, deixando o preço do combustível ser o mais adequado à Galp e companhia; a ERC existe para defender o Governo, dando cobertura às pressões ilegítimas que os membros do executivo exercem sobre os jornalistas. Assim não! Pagar salários chorudos para defender Miguel Relvas? Então, uma medida de austeridade que se impõe - em vez de subir os impostos pagos pelos portugueses, que é uma medida que em Portugal, virou moda política - passa por extinguir a ERC! De vez!
  
3. Uma última nota sobre a actuação de Raquel Alexandra. É público e notório que a ex-jornalista se dá muito bem com Miguel Relvas, sendo uma amiga pessoal do Ministro (que, aliás, fez pressão para que fosse designada para a ERC). Discutiu-se muito se Raquel Alexandra se deveria abster ou não na votação sobre o escândalo de Miguel Relvas. Bom, devo dizer que Raquel Alexandra é uma pessoa superiormente inteligente, muito competente, minha colega na Faculdade de Direito de Lisboa. Eu teria actuado de forma diferente: teria pedido escusa, não votando num caso que envolve um amigo pessoal. Contudo, Raquel Alexandra tem razão num ponto: por que razão ela se iria abster quando todos os dias, muitos tomam decisões que envolvem amigos pessoais? Ora, na sua simplicidade, o argumento de Raquel Alexandra é verdade. O problema de Portugal é precisamente esse: quem toma decisões é sempre um amigo do interessado ou envolvido - o que faz com que, normalmente, seja uma má decisão ou uma decisão inconsequente. Posto isto, não se poderia exigir que Raquel Alexandra fosse a heroína cá do sítio - o problema não é Raquel Alexandra: o problema é a ERC. Porque, caso Raquel Alexandra tivesse votado a favor da condenação de Miguel Relvas ou abstido, no dia seguinte era substituída por um boy ou girl de Miguel Relvas.» [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.
  
Seis meses depois

«Seis meses depois de lhe ter dado o seu aval, aprovando despedimentos fáceis e baratos, menores indemnizações, subsídios de desemprego mais baixos e durante menos tempo, menor retribuição das horas de trabalho, menos dias de férias, menos feriados, limitação da acção sindical, etc., a UGT parece ter descoberto, agora que o Código dos Despedimentos (é um eufemismo continuar a chamar-lhe Código do Trabalho) foi promulgado, que tudo isso "é ma[u], nomeadamente por pôr em causa o valor dos salários e do trabalho extraordinário".
  
Entretanto, ficou para as calendas a viril ameaça feita há três meses pela mesma central de denúncia do Acordo de Concertação Social se o Governo, em vez de só se preocupar com "a desregulação laboral e a redução das prestações sociais", não activasse o previsto "Compromisso para a Competitividade, Crescimento e Emprego". Na altura, João Proença lamentava já que o Governo andasse a negociar "medidas no âmbito do memorando da troika que [iam] contra o Acordo".
  
E, contudo, João Proença não pode queixar-se de ter sido enganado. Passos Coelho avisara: "Temos que dar um passo atrás para dar dois à frente". O passo atrás oferecido a Proença em troca do seu acordo a 200 passos em frente no sentido da desregulação laboral foi ceder na meia hora de trabalho diário. O que, decerto por acaso, era uma exigência do patronato.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
    

Exageros antropológicos

«O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, disse esta quarta-feira, em Fátima, que a Igreja tem "uma mensagem perene" e "não tem que andar ao ritmo das mudanças do Mundo" e atacou os "exageros antropológicos" como a adopção por casais gay.» [CM]

Parecer:

Que definição!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
Pobre PCP

«O PCP justificou a moção de censura ao Governo por, após um ano de ajuda externa, o país estar "pior" e sem resolver os problemas que justificam "todas as medidas": a dívida pública e o equilíbrio das contas nacionais.» [DN]

Parecer:

Vão longes os tempos do maldito Sócrates, quando o PCP usava argumentos mais demolidores como o de que poderia perder a votação na moção de censura, mas tinha a maioria na rua. Agora que faz o frete de fazer de conta que é oposição ao governo que ajudou a eleger limita-se a choraminguices.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
Morrer feliz há 47 milhões de anos

«Cientistas alemães descobriram um fóssil de vários casais de tartarugas que morreram há 47 milhões de anos durante o ato sexual, naquele que é o mais antigo testemunho de cópula entre vertebrados.
  
O fóssil dos casais de Allaeochelys crassesculpta foi encontrado em Messel, uma antiga pedreira de xisto situada perto de Frankfurt, por investigadores da Universidade de Tübingen, sendo descrito na revista Biology Letters. Os cientistas acreditam que as tartarugas ficaram presas no fundo de um lago, que podia ter gases vulcânicos ou outras toxinas. Há 47 milhões de anos, a pedreira era um lago numa cratera vulcânica, num ambiente húmido e tropical.» [DN]
    
Crianças 'custam' 10 mil

«As famílias com crianças gastam em média mais dez mil euros por ano do que os agregados sem dependentes menores, o que representa mais 60% da despesa, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados.» [DN]

Parecer:

Veremos o impacto da austeridade na natalidade, digamos que há um princípio económico segundo o qual a pica das famílias é inversa à pica do ministro das Finanças.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver no que dá o excesso de pica para a austeridade deste governo.»
  
Relvas beneficiou do voto amigo

«A Entidade Reguladora para a Comunicação Social votou hoje favoravelmente a deliberação que iliba o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, da acusação de ameaças ilícitas a uma jornalista do "Público". A votação na reunião do Conselho Regulador da ERC contou com dois votos contra, do vice-presidente Arons de Carvalho e do vogal Rui Gomes.


Segundo apurou o Expresso, Arons de Carvalho terá feito acompanhar o seu voto contra de uma declaração de voto onde fundamenta o porquê da sua oposição à deliberação final do conselho regulador da ERC.
  
Os votos a favor foram do presidente da ERC, Carlos Magno, e das vogais Raquel Alexandra e Luísa Roseira. O texto final da deliberação deverá ser divulgado ainda hoje no site oficial do regulador dos media.» [Expresso]

Parecer:

Os três membros que defenderam Relvas foram nomeados pelo PSD e uma é amiga íntima de Miguel Relvas. A ERC não passa de uma fantochada mantida à custa do dinheiro dos portugueses, enquanto uns são vítimas da austeridade, outros assumem cargos para lamber as botas dos governantes a troco de gorjas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada pois uma fantochada destas só merece uma gargalhada.»
  
Um ministro que não gosta de sindicatos

«O ministro da Economia acusou os sindicatos do setor dos transportes de exercerem "chantagem" nas greves que estão a realizar e de o Governo ter "demonstrado enorme paciência" em relação à situação.» [i]

Parecer:

Este argumento usado pelo sô Álvaro é de quem defende o fascismo ou de quem tem muito pouca formação democrática. O que pretenderá este rapaz dizer quando afirma que o governo tem tido muita paciência em relação às greves?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se para cima do fascista.»
  
  7.940 casais tê a oportunidade de serem felizes

«Entre os 609.273 desempregados inscritos nos centros de emprego, em maio, estavam registados 7.940 casais sem emprego, o que corresponde a um aumento de 81% relativamente ao mesmo mês de 2011.» [JN]

Parecer:

É sabido que o dia a dia de trabalho não favorece os casamentos e muitos casais são infelizes, é conhecido o caso das porteiras casadas com guardas-noturnos. Se um dos membros do casal fica desempregado pode ter a oportunidade da sua vida, mas como o cônjugue está empregado pode perdê-la. Estando os dois membros do casal desempregados e pagos para estarem em casa é um momento único, podem dedicar-se a jogos de amor a tempo inteiro e se surgir a oportunidade da vida, como ir trabalhar para o melhor emprego do mundo no grande recife de coral da Austrália, podem ir os dois cônjugues.
 
Este 7.940 estão entre os casais mais felizes do país e deviam manifestar publicamente a sua gratidão a Passos Coelho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se parabéns aos felizardos.»