Terminada a contenda interna no PSD os analistas avaliam
agora quais as vantagens ou desvantagens das escolhas dos militantes do PSD que
tinham as quotas em dia. Mas ninguém questiona se as propostas de um ou de
outro eram as melhores para o país, o que se avalia já nem sequer é se a
escolha animou ou não as hostes do PSD. A grande questão agora está em saber se
esta foi a melhor ou a pior escolha para António Costa.
O que é melhor para Costa, a abertura ao diálogo de Rui Rio
ou a alergia dos d Passos Coelho a qualquer contacto com o PS? Parece que a
questão está em saber se O PSD é um cometa que aparece de vez em quando e o que
está em causa é saber daqui a quantos anos poderá voltar a ver-se o seu rabo
luminoso, ou se é uma espécie de satélite do PS que anda às voltas deste
partido afetando as suas marés.
António Costa era à partida o único ganhador, Se Montenegro
ganhasse isso ressuscitaria a Geringonça, a ameaça de regresso dos de Passos Coelho
seria o melhor cimento para manter esta aliança bem consolidada. Mas com Rui
Rio o PCP e o BE terão de decidir se pretendem continuar a ser necessários
aproximando posições ao ponto de serem negociáveis ou se optam por ser quase
oposição, empurrando o PS para acordos com o PSD de Rui Rio.
António Costa é a desejada e os seus verdadeiros inimigos
nem sequer estão na oposição mas sim no seu governo. Tem um governo com quase
cem pessoas de quem quase nem sabemos meia dúzia de nomes e quanto mais são e
mais próximos estão do aparelho partidário, mais incompetentes serão e a
probabilidade de aparecer por aí um ajudante de pasteleiro promovido a assessor
é muito grande.
É muito provável que nem PSD nem PS ganharam com a escolha
de Rui Rio, da mesma forma que não ganhariam com Montenegro. António Costa não
tem concorrentes para ser o maior partido, da mesma forma que o PSD não tem
concorrente para o estatuto de líder da oposição. São dois partidos cada vez mais
velhos e sem qualquer dinamismo interno.