Os nossos capitalistas democratas, especialistas em vender
quotas das suas empresas a endinheirados em busca de lavatório, rebaixaram-se
perante a filha do ditador angolano a um ponto que metia nojo a qualquer ser
humano. Basta ver as imagens televisivas de passagens da rapariga por Lisboa para vermos empresários, advogados,
jornalistas e governantes a sorrirem de uma forma tão bajuladora que quase nos ofendiam
enquanto portugueses.
Agora que a senhora pode ter caído em desgraça, vítima de
uma golpada que ofende os mais elementares princípios constitucionais de
qualquer democracia, eis que vemos todos estes cobardes a dizerem que nunca
conheceram a pessoa ou que não lhes passaria pela ideia a hipótese de a sua
fortuna ser questionável. Fogem dela como o diabo da cruz e só não sugerem o
seu internamento compulsivo num leprosário porque já não existem.
Quem sempre criticou a ditadura do MPLA, o roubo dos recursos
angolanos pelas elites do partido no poder, é agora ultrapassado por uma
matilha de gatunos, de velhacos que não hesitaram em lamber o rabo à ricaça, na
esperança desta lhes dar uma gorjeta, talvez uma assessoria bem remunerada, uns
casos de contencioso ou, muito simplesmente, uma boa gorjeta. Aqueles que
ganhara músculo financeiro à custa do dinheiro fácil de Angola, dizem agora estar
a reavaliar a relação.
Estão esquecidos de quando qualquer labrego do MPLA era
recebido honrosamente nos palácios desta burguesia oportunista, ou de quando os
nossos jornalistas nos davam a boa nova de uma Avenida da Liberdade cheia de
lojas de luxo para vender a angolanos?
A história repete-se, os que bajularam Ricardo Salgado, Isabel
dos Santos e muitos outros, são os mesmos que agora dão pontapés nos rabos que
no passado lamberam de forma tão servil.