terça-feira, março 27, 2007

Ideia brilhante

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Os nossos empresários já fizeram tudo o que estava ao seu alcance para melhorar a competitividade, modernizaram, deram formação aos empregados, melhoraram os métodos de gestão, deixaram de almoçar em restaurantes de luxo com o visa da empresa, passaram a comprar carros mais baratos, deixaram de lançar o ordenado das empregadas domésticas na escrita das empresas, contrataram técnicos qualificados, empregaram licenciados, encomendaram estudos às consultoras, enfim, fizeram tudo o que era possível para exportar o mais possível.

Mas enfrentam um problema gravíssimo, entre Portugal e os países da Europa Continental há uma hora de diferença e estão a perder negócios, os seus parceiros não nos perdoam não poder telefonar entre as nove e as dez horas locais ficam irritados porque os nossos empresários só lhes ligam entre as cinco e as seis horas de Lisboa. Anda tudo virado ao avesso, a comunicação é impossível.

E tiveram a ideia brilhante de recuperar a solução em tempos adoptada por Dias Loureiro, praticar em Portugal a hora da Europa, o que equivale a adiantar os relógios mais uma hora. Justificam dizendo que desde há cinco anos o país evoluiu e as criancinhas já não andam a pé.

Ainda que passemos a andar como zombies concordo com a proposta e ainda vou mais longe, cada distrito do país deveria adoptar a hora dos parceiros comerciais das empresas localizadas. Por exemplo, o distrito do Porto onde está a Salvador Caetano deveria adoptar a hora de Tóquio, onde estiver a Hyundai adopta-se a hora de Seul, onde estão as refinarias de açúcar adoptar-se-ia a hora da Costa do Marfim, em Beja, onde se vai construir uma mini china, aplicar-se-ia a hora de Pequim e nos distritos onde se exporta para os EUA alinhar-se-ia pela hora de Nova Iorque.

Assim maximizar-se-ia a nossa competitividade, a tendência seria as empresas concentrarem-se nos distritos que tivessem a hora dos seus mercados. E em vez de se construir uma auto-estrada para Bragança seria mais eficaz concentrar naquele distrito as empresas que exportam para o Brasil alinhando o distrito pela hora do Rio de Janeiro.

Não é nada grave um país ter quatro ou cinco fusos horários, são muitos os países onde isso acontece e que se saiba não há qualquer crise por causa disso, em países como a Rússia, a China, a Índia os EUA e muitos outros ninguém estranha isso. Ter-se-ia que ajustar alguns pormenores, por exemplo, os telejornais quando referissem uma hora teriam que acrescentar as diversas horas nacionais o que, aliás, já sucede, pois nunca se esquecem de dizer a hora dos Açores. A hora de referência do país seria a de Lisboa ou mesmo a do Porto para não ofender as susceptibilidades regionais.

E até poderíamos apostar no turismo, concentravam-se as empresas que exportam para a Austrália no distrito de Évora e vendíamos o sol da meia-noite naquela cidade.

Uma ideia brilhante que só mesmo os empresários portugueses poderiam ter!