quarta-feira, março 21, 2007

Um país material


Portugal está a tornar-se num deserto de espiritualidade, não me refiro à falta de vocações na Igreja Católica nem a substituição da missa dominical pela visita pacóvia ao centro comercial, toda a sociedade está a perder a sociedade está a perder a sua dimensão espiritual, desde o indivíduo ao colectivo o país está a substituir valores espirituais por objectivos materiais.

A filosofia já não é importante, Felipe Scolari ocupou o lugar deixado vago por Agostinho da Silva, Kant deu lugar ao PSI20, a cilindrada dispensa-nos de estudar Hegel e o racionalismo de Bento de Espinosa cedeu o lugar ao anúncio do queijo açoriano protagonizado por Pauleta. A ambição, a educação, a formação, tudo em Portugal está cada vez mais condicionado pelo sucesso imediato e a qualquer custo, neste país já nem se ambiciona ser feliz, essa felicidade é medida muito simplesmente pela riqueza conseguida que nem tem que ser muita, basta ser mais do que a alcançada pelo vizinho.

Até se poderia pensar que esta mudança é positiva, que os portugueses estão mais ambiciosos e que essa ambição é uma ruptura com um modelo social gerador de subdesenvolvimento. Mas não, desprezamos o espiritual para adoptar um modelo de sociedade regido por uma única regra, os fins justificam os meios. A corrupção generaliza-se, os políticos têm cada vez menos escrúpulos e até os eleitores já votam nos “mais capazes” de lidar com esta sociedade, como se constatou nas últimas eleições autárquicas, a política transforma-se na arte do golpe baixo.

Na economia não vence o mais capaz mas sim o mais manhoso, na Administração Pública não é o mais válido cede lugar ao oportunista político, uma sociedade sem dimensão espiritual está a transformar-se numa sociedade sem valores, os que desprezam a filosofia são os mesmos que desprezam a ética.A uma sociedade despida de dimensão espiritual corresponde cada vez mais uma economia sem regras.