terça-feira, maio 04, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alcoutim

IMAGEM DO DIA

[ESA]

«Imagen tomada por el satélite europeo Envisat el 2 de mayo en la que se ve la marea de crudo (parte inferior derecha) acercarse a la costa Luisiana.» [El Pais]

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva

Cavaco voltou aos truques do costume, faz meias declarações e dois dias depois os jornais publicam o resto sem que ninguém tenha lido um comunicado de imprensa da Presidência da República e sem que esta desminta os jornalistas. Isto é, Cavaco diz o que pode em público e lança um ambiente de crise política mandando comunicados em mão aos jornais.

As declarações de Cavaco sobre as obras públicas só mostram o entendimento de opiniões entre o presidente candidato e a derrotada Manuela Ferreira Leite, fazendo recear que muitos dos pensamentos da ex-líder do PSD, incluindo os ataques pessoais a Sócrates não sejam exclusivo de Manuela Ferreira Leite. A estratégia de lançamento de uma comissão de inquérito para promover uma crise política num momento oportuno só fazia sentido se houvesse da parte de Cavaco a disponibilidade para usar essa crise política para dissolver a AR. Na sua entrevista à RTP ficou claro que Cavaco Silva aposta nessa crise.

É esta a cooperação estratégica de que Cavaco tanto fala ou o seu empenho a ajudar a resolver os problemas do país? A verdade é que desde que Cavaco chegou a Presidente a sua preocupação é a reeleição e saber como se poderá livrar de um governo de um partido que não é o seu.

OPORTUNIDADES

«Deixem-me olhar a crise como oportunidade. É possível juntar esforços, planear com inteligência, agregar instituições separadas, saltar da obscuridade para a modernidade.

Tomemos o exemplo do Centro Académico constituído pelo Hospital de Santa Maria, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o Instituto de Medicina Molecular. Em cinco anos, com acréscimo marginal de recursos, muita inovação, vontade de mudança, arrojo e diplomacia, foi possível construir um fortíssimo centro de Ciências da Saúde. As ideias andavam nas cabeças e em escritos de inspiradores. A qualidade das lideranças fez a diferença. Tudo faria crer que nem o Hospital nem a Faculdade alguma vez se entenderiam, contaminados por meio século de mútuas recriminações; que a Saúde nunca poria a funcionar bem um hospital gigantesco, arrastando-se como elefante trôpego; que nunca a Faculdade regressaria ao alto nível dos primeiros trinta anos da sua criação; que um novo edifício científico não faria ciência se nele se não concentrassem boas equipas. A obra lá está e vale a pena visitá-la, mesmo que só no arranjo dos arruamentos e parques automóveis, na limpeza e modernidade de corredores renovados, na acolhedora farmácia de venda ao público aberta 24 horas, na informatização quase completa do hospital, na reunião da investigação com a clínica, nos constantes elogios com que cidadãos agora substituem as críticas anteriores. O mais governamentalmente crítico de todos os programas de televisão, há dias, tornou-se no mais benevolente quando debateu esta transformação. Não foi obra do Governo, mas sem a vontade do Governo nada daquilo teria sido possível. Se o conselho da paralisia investidora ali fosse agora usado, tudo rapidamente desandaria.» [DE]

Parecer:

Por António Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PERNAS, PARA QUE VOS QUERO...

«Completamente nua, a mulher, uma brasileira de 27 anos, queria sexo e saiu para a rua em perseguição do jovem que tinha acabado de se recusar a manter relações com ela. Acabaria por ser detida pela PSP por estar em situação ilegal em Portugal.

A insólita situação ocorreu anteontem de manhã, na Estrada Senhora da Saúde, em Faro, onde se encontravam alojados em casa de um amigo do jovem.» [CM]

Parecer:

Não era preciso fugir...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

PSD QUER MEDIDAS DA UE CONTRA AGÊNCIAS DE RATING

«O líder parlamentar do PS reconheceu hoje que "faria sentido" a União Europeia (UE) avançar com processos judiciais contra as agências de notação financeira ('rating'), à semelhança do que está a suceder em alguns estados norte-americanos.

"Essas medidas só teriam sentido se fossem aplicadas no espaço europeu", declarou Francisco Assis, adiantando que eventuais processos judiciais por parte de um único estado-membro "não teria qualquer tipo de utilidade".

"Sobretudo, quando está a ser vítima de ofensivas especulativas por parte dessas agências", ressalvou.» [DN]

Parecer:

Faz algum sentido mas quando estas empresas dão cobertura ou promovem fraudes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

OFENSIVA DE CAVACO CONTRA O TGV

«O Presidente da República teve mais dúvidas do que tornou público sobre o projecto do TGV, cujo contrato de concessão do primeiro troço o Governo vai lançar já esta semana. A principal, referida apenas de forma genérica num comunicado de 13 de Abril, prendeu-se com o facto de o estudo de base sobre a viabilidade económica do projecto ter vários anos - precedendo a actual crise financeira, que fez disparar o endividamento do País.

Segundo o DN confirmou ontem junto do Ministério das Obras Públicas, o dito estudo independente será de 2007 - embora fontes ouvidas pelo DN indiquem que já esse era uma actualização. Que terá sido "actualizado" pela RAVE, empresa pública que tem a cargo precisamente a alta velocidade.» [DN]

Parecer:

Não é a primeira vez que se usa a velhacaria dos estudos para atrasar projectos, é um velho truque. Até parece que um projecto como o TGV é para durar um ano, só isso explica voltar a estudar a sua viabilidade no quadro da crise.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se Cavaco Silva que quando a primeira carruagem andar já ninguém se lembra desta crise, até poderá haver outra mas desta já ninguém falará.»

MINISTRO DAS OBRAS PÚBLICAS RESPONDE A CAVACO

«O ministro da Obras Públicas veio hoje defender o "retorno" das obras projectadas pelo Governo depois de Cavaco ter pedido uma reavaliação de "todos" os investimentos.

Durante a assinatura de um protocolo com o Rock in Rio, em Lisboa, António Mendonça disse que, a par do TGV, também o novo aeroporto deixará o país "mais moderno" e com maior capacidade para atrair investimento.

Para António Mendonça, estas obras "vão ter retorno e efeitos dinâmicos na economia. A modernização de infra-estruturas que está perspectivada vai aumentar o leque de escolhas das novas gerações", referiu o responsável.» [DE]

Parecer:

As declarações de Cavaco merecem uma resposta frontal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

MAIS UMA BABOSEIRA DE MANUEL ALEGRE

«Manuel Alegre considerou também que o apoio financeiro de 110 mil milhões de euros que a União Europeia acordou conceder à Grécia é um acto de «solidariedade» e esta «tem de ser distribuída por todos». «Nós, se calhar, também vamos precisar da solidariedade dos outros», aventou.

Questionado pelos jornalistas sobre se acredita neste cenário, o candidato presidencial retorquiu: «se não acreditar nisso tenho de deixar de acreditar na União Europeia».» [Portugal Diário]

Parecer:

Quem não sabe o que diz acaba por dizer baboseiras.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

VELHOS DO RESTELO VÃO ALI AO LADO, A BELÉM

«Um dos ex-ministros, que preferiu não ser identificado, afirmou à agência Lusa que, entre os vários assuntos, será debatido com Cavaco Silva o tema dos grandes investimentos públicos.

O Governo garantiu na semana passada que a maioria dos grandes investimentos públicos seria para avançar como o comboio de alta velocidade (TGV) e o novo aeroporto de Lisboa.

A mesma fonte disse que a iniciativa pertence a Medina Carreira, a que já aderiram Eduardo Catroga, Bagão Félix, Pina Moura, Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, Manuela Ferreira Leite, Miguel Beleza e Ernâni Lopes.Contactada a Presidência ao início da tarde, fonte oficial disse ainda não ter recebido qualquer pedido de audiência destas personalidades.» [Público]

Parecer:

Cavaco recebe os portugueses de primeira que lhe vão dar razão na sua luta contra o governo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sirvam-se bolachinhas.»

JARMO GLADER