sexta-feira, abril 20, 2007

O novo “Porta’s Light”


Portas perdeu mercado e percebeu que se tinha de adequar aos novos tempos e fez o que qualquer empresa faria, deixou de apostar num produto que o mercado condenou para pouco tempo depois lançar o mesmo produto com nova embalagem e numa versão light. Abandonou os fatos riscados que o identificavam a um candidato de um casting para uma nova edição do Padrinho, assumiu um ar mais fresco, mudou ligeiramente a cor da madeixa que lhe dava um ar de surfista oxigenado e não me admiraria nada que tivesse mudado das ceroulas do ministro do Mar para as cuecas Hugo Boss.

E temos um Paulo Portas moderno, o equivalente político dos adelgalçantes ou de uma nova embalagem de Kellogg’s, quem resiste a perder uma camada de celulite ou a substituir os hidratos de carbono com o tempo de praia tão perto? Enquanto a L’Oréal lançou o Sublime, o novo adelgaçante capaz de renovar a esperança das que insistem em ver-se em espelhos convexos, Portas renovou-se e colocou no mercado o “Porta’s Light”, o Portas que vai conseguir os milagres que os Portas anteriores não realizaram.

Portas mostra assim uma mudança política que me lembra a diferença entre o aldrabão e o burlão, o primeiro limita-se a mentir enquanto o segundo diz a mentira que a vítima quer ouvir.

Ao contrário do que alguns dizem acho que este “Porta’s Light” representa mesmo uma profunda mudança de Paulo Portas, corresponde à evolução do aldrabão que imitava a figura dos caga-milhões das novas feiras para o burlão que nas mesmas feiras vende anéis de latão como se fossem de ouro.