São cada vez mais evidentes os sinais de que os bancos estão a tentar aumentar os lucros em tempos de crise, de um lado compram o dinheiro mais barato, do outro aumentam os spreads de foram a aumentarem exponencialmente as taxas de juros reais. Emprestam menos mas compensam ganhando muito mais, usam o argumento do aumento do risco mas apenas emprestam em situações em que consideram não haver riscos.
Na indústria multiplicam-se os sinais de que muitas empresas estão a usar o argumento da crise para passar trabalhadores efectivos ao estatuto de precários, chega-se ao ponto de um dos maiores e mais bem sucedidos empresários portugueses promover um "despedimento preventivo". Na prática estão a reestruturar as empresas transferindo os custos para os contribuintes sob a forma de ajudas estatais e subsídios de desemprego.
O Governo, desorientado com o impacto da crise no emprego, desdobra-se em medidas de apoio às empresas, umas mais eleitoralistas de que outras, o que tem gerado da parte dos empresários uma reacção oportunista, por todo o lado se multiplicam os despedimentos colectivos e o choradinho. Não faltarão os usam o despedimento colectivo como forma de chamar a atenção do Governo e, assim, darem o "golpe na fila" dos subsídios estatais, ganham de duas formas, livram-se dos trabalhadores usando o despedimento como chantagem sobre os que ficam e acedem mais rapidamente às preocupações estatais.
Os banqueiros portugueses não tem revelado o mais ténue sinal de que para eles existe uma Nação, o argumento é que sem bancos rentáveis não existe sistema financeiro, mas a verdade é que os que afastam o nacionalismo nos negócios costumam ser os mesmos que correm aos governantes para lhe exigir a defesa da manutenção dos centros de decisão em Portugal quando se sentem ameaçados pela concorrência externa. A verdade é que a história da banca pós privatizações é uma história recheada de oportunismo e enriquecimento fácil, com a banca a aproveitar todas as oportunidades para melhorar os seus resultados.
Tal como os banqueiros há também os empresários que para além de fazerem chantagem sobre o país, ameaçando com a eventual transferência das suas sedes para a Holanda vêm agora tentar condicionar as ajudas estatais com o objectivo de serem beneficiados.
Talvez seja hora de colocar de lado o nacionalismo na economia e começarmos a dizer não aos que enriquecem à custa do país e nas horas difíceis se comportam com tão pouca dignidade.