É verdade que as pequenas e médias empresas são as empresas que mais criam emprego e que um pequeno ou médio investimento tem um impacto mais rápido na criação de emprego a curto prazo do que os grandes projectos protagonizados pelas grandes empresas. Mas também é verdade que estas empresas são as mais vulneráveis às crises e que na hora de encerrarem são as primeiras a fechar as portas, muitas vezes cheias de dívidas e com salários em atraso.
É politicamente correcto defender as pequenas e médias empresas, há décadas que uma boa parte dos apoios estatais são dirigidos a estas empresas, até há organismos estatais especialmente vocacionados para as apoiar. Do , que exclui as pequenas e médias empresas da sua colecção de inimigos de classe, ao PSD de Manuela Ferreira Leite todos são defensores das PME, até porque da mesma forma que criam mais emprego, também dão mais votos do que as grandes empresas. É politicamente correcto defender as PME e crucificar as grandes. O ódio aos grandes grupos económicos é uma moda antiga em Portugal.
Mas a verdade é que é nas pequenas empresas que encontramos muitos dos males de que nos queixamos quando falamos da economia portuguesa, são os patrões das PME que transportam os equipamentos à noite e quando os trabalhadores chegam de manhã encontram as portas fechadas, são muitas da PME que não cumprem regras de segurança e que empregam trabalhadores de forma clandestina, são as PME que mais mal pagam, são as PME que reinvestem os lucros nos Ferraris para a família do patrão. E quando as grandes empresas querem cometer algumas tropelias contratam PME, como sucede na construção civil e obras públicas com os subempreiteiros.
Criar quotas de contratação pública para as PME é uma quimera, não só isso aumentaria os custos como uma boa parte dessas PME seriam subcontratadas por empresas maiores e limitar-se-iam a cobrar uma omissão. Ajudar muitas PME seria criar emprego enquanto se mantivessem as ajudas, aumentaria a compra de Mercedes e quando acabassem as ajudas fechariam ou mudariam de ramo.
EM vez de distinguirem as empresas em função da dimensão deveriam distinguir-se segundo os seus modelos de gestão, o cumprimento das regras (laborais, fiscais, etc.), a sua viabilidade e os investimentos realizados no tempo das vacas gordas em inovação e competitividade. Se o objectivo é criar emprego então que sejam criados empregos viáveis por empresas que poderão manter esses empregos e remunerar melhor os trabalhadores. Criar emprego sim, mas ao mesmo tempo apostar em empresas competitivas que vivam em função do mercado e não do mercado das ajudas estatais.
A distinção entre grandes empresas e PME é um critério meramente estatístico, o que distingue as empresas é se são ou não modernas, se cumprem ou não as normas, se são ou não competitivas, se são ou não boas empresas.