Se é construída uma auto-estrada nova deve ser à borla, os utentes descobrem que não alternativa, os autarcas preocupam-se com a interioridade, os políticos da oposição põem a sua máquina e militantes ao serviço da organização de manifestações populares espontâneas, o Manuel Alegre declama um dos seus versos e os contribuintes terão de pagar a nova auto-estrada, muitos deles não terão dinheiro para ter carro mas mesmo assim terão de pagar a borla ao carro dos outros.
A saúde e a educação devem ser à borla porque é a constituição que o diz, os transportes devem ser quase à borla sem se saber porquê, as auto-estradas são quase todas à borla, os serviços públicos devem prestar serviços à borla. E depois de tantas borlas o dinheiro não chega então arranjam-se uns subsídios.
Em Portugal discutimos muito as borlas e nada ou quase nada o que cada um deve dar ao país, na hora de pagar cada um foge aos impostos quanto pode, o patrão mete as contas da mulher na empresa e o operário recebe uma boa parte das horas “por fora”. Fica a classe média a pagar a factura. Não beneficiam de auto-estradas à borla, recorrem aos serviços privados de saúde porque os do Estado só são eficazes na hora da morte, metem os filhos em escolas privadas para que não levem porrada das criancinhas vulneráveis dos bairros problemáticos.
o que a classe média ganha metade vai para os impostos que pagam as borlas dos outros e as outra metade é para pagar o que os outros têm à borla. Este desvario colectivo chegou a um ponto que os impostos pagos pela classe média já chegam para pagar tudo, é preciso recorrer a défices cada vez maiores e a uma dívida pública crescentes para alimentar o borlismo nacional.
Mais tarde ou mais cedo este modelo chegaria ao fim e os portugueses seriam obrigados a arrumar a casa. Mas estejam descansados, o ministro das Finanças já disse que tem na manga um aumento de impostos.