É o país das falsas soluções e do faz falta, ou a solução é muito fácil apesar dos governos serem tão maus que as rejeitam ou não há solução porque falta sempre qualquer coisa.
Se o problema é haverem professores no desemprego a solução é fácil, diminue-se o número de alunos por turma, reduz-se a carga horária dos professores, aumentam-se as disciplinas e o problema fica resolvido, atinge-se o pleno emprego num instante. Se há desemprego a culpa é do Estado, em vez de reduzir o número de funcionários, se há mais desemprego o Estado deve empregar mais funcionários, aqueles que não recebessem subsídios iriam para funcionários.
Se o problema é a qualidade do ensino faltam professores, pessoal auxiliar, mais regalias para o pessoal docente, etc.. Se o problema é a justiça faltam tribunais que respeitem a elevada dignidade dos magistrados, melhores leis. Melhores computadores, etc.. Se a discussão é sobre corrupção faltam melhores leis, faltam investigadores, falta simplificar a produção de prova, etc..
Há décadas que assisto a este espectáculo no país, desde que me conheço que os problemas são sempre os mesmos, as crises são cíclicas e sempre motivadas pelas mesmas causas e os políticos e demais elites pensadoras do país em vez de discutirem as soluções entretêm-se a fazer diagnósticos ou, pior ainda, a discutirem falsas soluções. Veja-se o que se passa com as assimetrias na distribuição do rendimentos, já vi muita gente embirrar com o Mexia, com razão ou talvez não, todos eles choram lágrimas de crocodilo em nome dos mais pobre, mas a verdade é que nenhum apresentou qualquer solução, como se o ordenado do Mexia bem distribuído pelos pobres os transformassem em remediados.
Começo a achar que ainda por aí muito boa gente a discutir os problemas económicos, a realidade da pobreza, a dimensão do desemprego, mas como falam de barriga cheia estão mais preocupados em tirar partido das situações do que em resolvê-las. Têm bons vencimentos, enchem-se de avenças, ganham dinheiro fácil nas televisões ou na infinidade de cargos políticos, de nomeação ou de eleição. Esta elite vive dos problemas, alimenta-se problematizando-os mas não precisa que esses problemas sejam resolvidos, aliás, se tal sucedesse não saberiam muito bem o que dizer.
Talvez fosse boa ideia pôr toda esta gente a ganhar o ordenado mínimo, talvez a necessidade lhes estimulasse o engenho.