É evidente que o estados não prescindem de se envolver nas exportações das suas empresas, designadamente, quando estão em causa grandes negócios. É o caso, por exemplo, de negócios como os dos submarinos comprados por Portugal à Alemanha. Por vezes são os Estados que mais exigem rigor aos outros que acabam por levar longe demais a sua diplomacia económica.
Se as empresas portuguesas não conseguem exportar é porque não são competitivas, uma boa parte delas beneficia da protecção oferecida pelo mercado interno e, mesmo assim, enfrentam com grandes dificuldades a concorrência externa. Se queremos que as empresas portuguesas exportem é necessário levá-las a serem competitivas, reduzir-lhes os custos associados às operações de exportação, criar um ambiente favorável aos negócios internacionais e colocar o Estado ao serviço dessas empresas.
O Estado português odeia as empresas, qualquer relação entre o Estado e uma empresa suscita suspeitas de corrupção, a Administração Pública promove a perseguição sistemática das empresas, chega mesmo a financiar-se à custa dos exportadores como sucedeu no tempo em que Manuela Ferreira Leite era ministra das Finanças, reteve o reembolso do Iva aos exportadores com o argumento da suspeita de fraude quando, na verdade, estava a usar esse dinheiro para ajeitar as contas do défice.
É preciso acabar com esta cultura em voga no Estado, que vê as empresas como potenciais criminosos e isso passa também por acabar com uma diplomacia especializada em mariquices e salamaleques, obrigando os nossos diplomatas achem que a sua maior responsabilidade saber escolher os talheres. Estou quase certo que a embaixada da Holanda em Portugal manda mais os seus técnicos defender os interesses das suas empresas do que toda a diplomacia portuguesa junta.
Se queremos empresas competitiva temos que assegurar-nos de que nos mercados existe concorrência, algo que não existem em muitos dos nossos mercados. Se uma empresa consegue beneficiar de um mercado pouco competitivo e ter lucros mais ou menos fáceis não só não está disposta a correr riscos no mercado internacional como não adquire as competências necessárias para isso. Mercados como o da energia, das telecomunicações e mesmo o mercado laboral estão longe de ser mercados onde existe concorrência.
Num tempo em que tanto se fala em grandes obras e da necessidade de exportar pouco se faz para modernizar e tornar mais baratas e eficazes as nossas infra-estrutura portuárias, até me parece que as administrações portuárias estão mais preocupadas em beneficiar do estatuto de pequenos monopólios para aumentarem os seus lucros.
Exportar exige conhecimento e em Portugal tal conhecimento apenas é adquirido pela experiência, as escolas pouco ensinam. Há cursos de guitarra e de violão mas julgo não haver um único curso vocacionado para formar comerciais vocacionados para o mercado mundial. Se alguém perguntar a um mestre em gestão de empresas o que é um incoterm é muito provável que não o saiba. Por fim é preciso promover a diversificação dos produtos exportáveis e para isso é necessário apostar numa nova geração de empresários, gente que saia das universidades com projectos e ideias, gente em que se deve apostar promovendo o capital de risco. Mas para isso é preciso promover a ambição nos nossos estudantes universitários, estimular-lhes e criar condições para que optem por apostar em projectos empresariais em vez de sonharem com um lugar no funcionalismo público.