Quem ainda não ouviu dizer que "as mulheres se querem pequeninas como as sardinhas"?Fiquem descansados, não me vou queixar das mulheres portuguesas nem elogiar a falta da posta do meio, uso esta expressão popular porque, como muitas outras, que motram a nossa forma de nos superarmos. Agora que muitos ou muitas de vós já estão a zurzir contra este comentário infeliz vou directo ao assunto a que dedico este post, a tendência dos portugueses para condenar tudo o que é valor e elogiar as supostas virtudes das nossas fraqueza.
No mesmo país em que não se cansam de se queixar da falta de competitividade da economia tudo o que cheire a concorrência ou competitividade é tratado como pecado mortal, é banido. Como é que um país onde a ambição é considerada defeito pode sair da cepa torta? Dizemos às nossas criancinhas que é feio querer ser melhor do que o parceiro, os nossos professores em vez de promoverem a excelência procuram a mediania, os melhores alunos são esquecidos em nome da média, a nossa sociedade é gerida por um princípio inquestionável, no meio é que está a virtude.
Desde pequeninos que detestamos os melhores, os que mais se aplicam, os que dão mais de si, aluno que estude é “marrão”, aluno que não alinhe nas brincadeiras da maioria é menino da mamã, marrões e meninos da mamã são sérios candidatas à cacholeta e à galheta colectiva, aquilo a que agora se chama bullying. O pecado que cometem é serem ou pretenderem ser melhores do que os outros.
Acho graça que neste país se fale tanto em produtividade quando a sabedoria popular nos ensina que “o trabalho é para o preto”, na Administração Pública esta expressão foi transformada numa outra menos racista que diz que “o trabalho nunca acaba”. São necessárias pessoas capazes, que sejam superiores à média, capazes de fazer a diferença? No futebol talvez, o Liedson resolve, o Ronaldo resolve, o Falcão resolve, cada equipa procura ter um fora de série que resolva, que lhe dê os pontos necessários para chegar ao título, mas o princípio fica-se pelo futebol, nas empresas ou na Administração Pública a regra é bem diferente, de nada vale ser capaz de fazer a diferença, alguém nos diz logo que “o cemitério está cheio de insubstituíveis”.
Em quantas empresas e serviços público a obra feita por alguém de valor foi destruída num piscar de olho pelo idiota que lhe sucedeu? Muitas escolas, empresas e o serviços públicos portugueses são geridos por gente mediana ou fraca que instala uma cultura que promove a fraqueza intelectual, que cria mecanismos que colocam os fracos ao nível dos bons. Isso para não dizer que se promove o bullying institucional. Em vez das galhetas infantis os que mais de distinguem ou que evidenciem maiores capacidades são obrigados a desistir para dar a oportunidade aos mais fracos, são obrigados a algo muito tipicamente português, a “amochar”. A ambição é condenada, o querer fazer melhor é excesso de protagonismo.
Basta ir a uma empresa ou a um serviço público para encontrar gente capaz que desistiu, gente que que foi vítima de processos ou de motivação motivados por cartas anónimas, gente que perdeu concursos manhosos organizados por fracos vingativos, gente que se cansou de lutar contra a corrente. O subdesenvolvimento português não tem apenas causas mensuráveis sob a forma de indicadores económicos ou sociais, um dos maiores entraves ao desenvolvimento do país é a cultura da mediania e da mediocridade que se instalou na nossa sociedade.
Reis e ditadores fracos e, mais recentemente, políticos de pouca dimensão, socorrem-se preferencialmente de gente que não presta, gente que por ser fraca tem de dispensar a dignidade, gente que só consegue superar a falta de inteligência com manifestações de subserviência e obediência. Décadas de dirigentes fracos transformaram o país num Portugal de gente fraca, um país cheio de frases que enaltecem as qualidades daqueles que não as têm.