A liderança de Manuela Ferreira Leite foi um desastre para o PSD e para o país. Para o PSD porque em vez de apresentar um projecto para o país a liderança do partido optou por andar aos caixotes, apostou tudo nas consequências da crise financeira e dos golpes infligidos pelo Ministério Público ao primeiro-ministro, o PSD especializou-se no golpe baixo e a comissão parlamentar de inquérito é um exemplo disso. Para o país porque permitiu que outros fizessem o trabalho sujo na esperança de isso o conduzir ao poder, o país deixou de discutir os seus problemas e em vez de ouvir as propostas feitas pela oposição passou a dar importância a personalidades como o senhor Palma.
Pedro Passos Coelho confronta-se agora com duas alternativas, ou não resiste à tentação do poder a qualquer custo e continua, como Manuela Ferreira Leite, a desempenhar o papel de limpa-fundos do aquário político nacional, alimentando-se do lixo dos procuradores, ou convence o país de que as suas propostas para o país são melhores do que as do José Sócrates.
Como se pode ver pela edição de hoje do jornal Público não faltam os que querem ajudar Passos Coelho a chegar ao poder pela porta das traseiras, os que tentaram impingir-nos Manuela Ferreira Leite estendendo-lhe uma passadeira com recortes do Sol e do Público ou com peças de processos judiciais, vão agora acenar a via do golpe baixo a Pedro Passos Coelho.
Só que a alternância democrática faz-se com debate de ideias e não com o jogo sujo promovido por directores de jornais sem grandes princípios, magistrados convencidos de que são justiceiros ou assessores presidenciais sem escrúpulos. Manuela Ferreira Leite optou por este caminho e perdeu.
Se Passos Coelho optar por tentar chegar ao poder promovendo o pantanal em que alguns pretendem meter o país vai perder como perdeu a sua antecessora. O país precisa de um debate sério, a democracia vive de debates transparentes e não da leitura de escutas judiciais, o futuro primeiro-ministro, seja ele quem for, deve ser escolhido pelos portugueses e não ser uma marioneta de magistrados e directores de jornais.