sexta-feira, julho 11, 2008

A direita leninista

Não sei se o PCP ainda tem os seus “pioneiros”, mas se tiver não duvido de que qualquer pioneiro é capaz de nos explicar como as crises do capitalismo são importantes para a instauração do comunismo. É a conversão na teoria do golpe de estado desenvolvida por Lenine a partir de uma interpretação abusiva das reflexões de Marx sobres as crises da economia capitalista.

Do PCP aos do Bloco de Esquerda, sejam os incondicionais de Estaline ou os que usavam um “4” na foice e martelo, este é um princípio elementar, o que se compreende, ninguém está a ver um povo sem razões de queixa da economia ir buscar o Barnardino Soares ou o Luís Fazenda para os meterem em primeiro-ministro e em ministro das Finanças.

Enquanto os nossos admiradores do esquizofrénico Kim Jong Il ou de Enver Hodja protestam contra a pobreza sonham com uma crise que leve a que seja a fome a empurrar o povo para a revolução. É evidente que no nosso politicamente correcto nem o PCP assume esta posição apesar da sua afirmação de que o leninismo está actual, nem convém a um bom democrata deixar de fazer de conta que é assim, os comunistas são necessários à democracia.

O mais curioso é que a nossa direita tem, andado numa grande excitação com a crise económica, o aumento dos preços dos combustíveis tem funcionado para ela como um viagra político, quanto mais o preço do petróleo sob mais agitado anda Paulo Portas. Até o cavaquismo que tinha entrado em regime de pré-reforma saiu da dormência em que estava para ganhar novo ânimo com a crise.

A direita viu na crise um novo ânimo, algo que não sentia desde os tempos do Processo Casa Pia, quando a dupla Portas e Bagão Félix parecia mandar em Portugal. Dir-se-ia que aderiu ao leninismo, quanto pior melhor, deixou de esconder a alegria por cada dificuldade adicional em resultado de fenómenos exógenos. A mesma crise que leva os comunistas a sonhar com Precs leva a direita a sentir que o poder pode cair-lhes nas mãos, mesmo com a sua líder recolhida num qualquer convento, condicionada por um voto de silêncio.