segunda-feira, agosto 30, 2010

É possível fazer melhor

Portugal não é um país rico, a sua mão-de-obra é menos qualificada do que a dos nossos parceiros europeus, os seus recursos minerais estão desvalorizados nos mercados, as suas potencialidades agrícolas são reduzidas, os sues recursos marinhos foram delapidados e os que subsistem no fundo da ZEE estão lá para quando as tecnologias permitirem o seu estudo ou exploração.

Mas o facto de não termos petróleo não é argumento para o nosso subdesenvolvimento, o Japão muitos outros países mais ricos como o nosso (Bélgica, Espanha, França, Holanda, etc.) também não têm um pingo de crude e isso não os impede de ser ricos. Aliás, este é um sector que prova sermos capazes de fazer melhor, reduzindo a dependência energética.

Outro exemplo, entre vários que poderia enunciar, é o da agricultura. O facto de não termos grandes extensões de terrenos com grandes aptidões agrícolas também não nos impede de sermos melhores do que o muito mau que somos, para além de podermos aproveitar dos nichos de produções de grande qualidade que temos (frutas, suinicultura, vinhos, etc.), temos ainda condições ambientais para produzir. Afinal, temos um clima e terrenos bem melhores do que os holandeses.

O problema é que gastamos todas as nossas energias para criar novos problemas e não para encontrarmos as soluções para aqueles que já temos. Se discutimos o ensino acabamos por andar a debater o estatuto profissional dos professores, no fim o ensino fica na mesma e os professores conseguem mais uns benefícios. Se discutimos a Administração Pública prometemos cortes e despedimentos a torto e direito, no fim multiplicam-se os esquemas para pagar melhor aos dirigentes e os institutos públicos, as empresas municipais e muitos outros esquemas para criar cargos absurdamente bem remunerados. Se discutimos a saúde engalfinhamo-nos em torno da defesa do SNS e no fim fica tudo na mesma, a dívida da saúde aumenta ao mesmo ritmo que os lucros dos hospitais privados. Se temos uma crise económica para superar aproveitamo-la para provocar uma crise política de que não conseguimos sair.

Seria fácil melhorar a qualidade das nossas universidades, levar o nosso ensino a contribuir para a qualificação dos portugueses, promover produções agrícolas rentáveis, multiplicar a gama de produtos que exportamos, lançar milhares de pequenas iniciativas empresariais capazes de ajudar a combater o desemprego (e muito provavelmente um excedente estrutura de mão-de-obra), promover a defesa do ambiente e aproveitar a riqueza natural do nosso país na promoção do turismo.

É fácil mas parece impossível, os nossos grandes empresários estão mais preocupados com o horário das grandes superfícies, os nossos banqueiros querem a todo o custo aumentar as comissões e o spread, os nossos políticos são marionetas de interesses empresariais, os nossos sindicatos vivem das quotas dos trabalhadores bem instalados e das comissões sobre as indemnizações dos despedidos, o Estado é refém de grupos corporativos, o nossos jornalismo é um esgoto.

Portugal carece de uma revolução cultural que liberte as energias que pode ter pondo fim a uma imensa “burrocracia” instalada, para que sejam os mais capazes a sobreviver, para que a notícia informe e não manipule, para que a justiça julgue e não difame, para que os estudantes aprendam em vez de andarem a roçar o cu nas cadeiras.