domingo, junho 12, 2011

Semanada

O 10 de Junho foi a data escolhida para o enterro do Compromisso Nacional, quando não se tinha a certeza de que a direita iria conseguir a maioria absoluta e algumas personalidades até estavam convencidas de que o PS poderia ganhar as eleições surgiu a ideia de um governo alargado:
 
«Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:

a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis compromissos externos em nome do Estado.

b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo, sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde. »

Agora que a direita tem a maioria absoluta aprece António Barreto, um dos seus subscritores a exigir julgamentos, não se percebe bem se na praça pública ou nos tribunais, dos que ele considerará responsáveis pela crise e, como de costume, barafusta com os políticos e o sistema político.

Entretanto, o Presidente da República vai apelar ao regresso aos campos, na linha do pensamento de Passos Coelho, que em Vila Real tinha dito que a enxada era uma boa solução para os jovens à rasca. Parece que os líderes da direita portuguesa aderiram ao maoísmo e quer dar o salto em frente misturando a grande revolução cultural chinesa ou a migração das populações urbanas para o campo no Cambodja com o ruralismo nacional. O campo representa as virtudes nacionais.

Enquanto Cavaco dissertava sobre as vantagens da enxada os senhores da capital entretinham-se a dividir a RTP em fatias, a Ongoig, a SIC, a Cofina estão na corrida e nem esperaram peral formação do governo e muito menos pela apresentação do programa, sentem-se no direito de cobrar antecipadamente o seu saque pela ajuda que deram a Passos Coelho. A pouca vergonha é tanta que quando os jornalistas esperam na porta da sede do PSD por notícias da coligação dão com Relvas a sair de braço dado com o presidente da Cofina.

Imagine-se se fosse nos tempos da guerra da TVI e os jornalistas filmassem Silva Pereira ou Sócrates com Zainal Bava, o escândalo que seria, mas o que naquele tempo era asfixia democrática é agora democracia plena. Os mesmos jornalistas que perseguiam Sócrates por este se queixar de alguns deles em Tribunal calam agora a sua indignação. Compreende-se é bem mais agradável a enxada dos patrões da comunicação social do as enxadas nos campos e pelo ambiente que se vive já se percebeu que quem não alinha com a nova maioria arrisca-se a ser reeducado numa aldeia das Beiras.