quarta-feira, maio 23, 2012

Já nem os posso ver

Ainda bem que os rapazolas da troika optaram por andar menos discretos, já não suportava vê-los. Houve um tempo em que esta gente era conhecida pelos homens sem rosto, uma senhora que liderou o FMI em Portugal só mais tarde apareceu e até tem sido alguém que mostra simpatia pelo país, competência e equilíbrio nas análises que faz.

Estes rapazolas são irritantes, não passam de meros técnicos, sem qualquer peso político nas organizações, com menos currículo e competência que uma boa parte dos quadros com que se reúnem em Portugal. Mas como representam  as entidades que emprestaram dinheiro a Portugal confundiram os papéis e comportam-se como se fossem eles os verdadeiros donos do dinheiro e todos os portugueses com que se cruzam não passam de pedinchas. Nem o exército romano se comportava assim depois das suas conquistas, com este ar sobranceiro e com esta arrogância fazem-me recordar o Hitler em Paris ou em Vasórvia.

Quem é o senhor Poul não sei quantos para vir a uma universidade portuguesa fazer apreciações políticas sobre um governo, quem é ele para falar bem ou mal de um governo para dizer a um povo que o seu governo governa bem ou que governa mal? Que se saiba o FMI não é uma instituição de solidariedade, é uma organização internacional de que Portugal é um membro de pleno direito. Que se saiba Portugal não recebeu ajuda alimentar ou mesmo financeira, quem recebeu esse tipo de ajuda foi a Alemanha e mais alguns países, incluindo o do senhor Poul, o que Portugal recebeu foi assistência financeira, os empréstimos constituem dívida garantida que paga juros dignos de agiotas. Os países e organizações que participam deste programa estão a ganhar muito e bom dinheiro e até os três rapazolas estão a viajar à grande e à francesa por conta de Portugal.

Já irrita aquele ar de idiotas com que os três rapazolas se passeiam pelos corredores, não escondem o deslumbramento por entrarem em palácios, nunca nas suas vidas foram tratados com tanta distinção e é muito pouco provável que voltem a ser gente depois de regressarem aos seus gabinetes com direito a uma janela de meio metro com vista para a rua.

É evidente que a culpa não é só dos três palermas, um com cara de arrogante, outro careca e o terceiro com cara de parvo, a culpa é de governantes que se esquecem de que estão a representar uma das nações mais antigas da Europa, com uma história mais rica e com mais razões de orgulho de que uma boa parte dos ricaços do Norte, gente que se não fossem os gregos seriam uns analfabrutos, se não fossem os romanos ainda não tomavam banho e se não fossem os portugueses não temperavam a carne.

PS:  com um governo a fazer tudo o que lhes mandam e a ir mais além já é possível adivinhar uma avaliação muito positiva que vai considerar que há riscos externos e por isso não se pode abrandar a austeridade. Em circunstância algumas estes brilhantes técnicos assumirão a responsabilidade por estarem a levar a economia para um beco, o excesso de austeridade conduziu a um desequilíbrio nas contas públicas, isto é, a austeridade conduz a mais austeridade.