quinta-feira, maio 17, 2012

A tragédia grega em actos avulso

1. A Alemanha destruiu pela segunda vez a Grécia, da primeira vez invadiu-a com tanques, matou os gregos a tiro, foram expulsos, ficaram a dever os prejuízos que provocaram e nunca os pagaram, desta vez não tiveram de lá ir, os gregos suicidaram-se em bom número poupando as balas aos invasores, no fim a Grécia ficou com a economia destruída e endividada a uma Alemanha que nunca lhe perdoará. Os governos gregos vão dizer que os seus cidadãos trabalhadores não permitiram que o seu governo perdoasse dívidas aos gandulos dos gregos. É a assim a ironia da história.

2. A Europa viveu um dos momentos mais porquinhos da sua história graças a dirigentes sem dimensão, de princípios duvidosos e sem o mais pequeno sentido de europeus. É de sentir vergonha de ser europeu ver o antigo comprador de submarinos alemães sair da clandestinidade para dizer como somos diferentes da Grécia, como se esta fosse um país de tinhosos. A Europa está farta de ver gatunos insinuar que os gregos roubam, aldrabões sugerir que os gregos mentem e vigaristas a exigirem que os gregos sejam honestos.

3. Sempre que os maus líderes europeus, em regra alemães, iniciaram a destruição da Europa começaram a sua obra a partir dos Balcãs. Parece que a história se repete mais uma vez e a destruição começa na Grécia. Uma alemã saída do congelador da história, armada em ultra liberal da direita motivada por um ódio ao comunismo de que os europeus não são responsáveis decidiu voltar a tentar impor as regras da Alemanha a toda a Europa. Um presidente da Comissão Europeia assiste estupidamente aos acontecimentos, a pobre alma que fugiu de Portugal para mudar de vida desde o seu primeiro dia em Bruxelas que está mais interessado em saber quanto vai ganhar quando se reforma.

4. Quando Papandreou colocou a hipótese de levar o acordo com a troika a referendo os senhores desta Europa germanófila ficaram escandalizados e fizeram tantas pressões e chantagens que acabaram por impedir os gregos de se manifestarem. O ideal era fazer como em Portugal, assinar primeiro e derrubar o governo depois para em substituição da esquerda colocar no poder um governo de direita, de preferência cheias de Gasparzinhos e de compradores de submarinos alemães.

5. A troco de meia dúzia de tostões emprestados a taxas de juro dignas de agiotas os burocratas gregos têm querido impor governantes concebidos à sua imagem e semelhança. Com soluções económicas dignas do Augusto Pinochet estes novos jovens das SS desconfiam da democracia, detestam eleições e tudo têm feito ou para dispensar a democracia ou, quando não o conseguem, manipular os acontecimentos para que dos processos eleitorais resultem as soluções governativas que desejam. Estão a falhar na Grécia, falharam com as soluções que impuseram a troco de ajuda, falharam na solução política e voltaram a falhar nos resultados eleitorais. Agora estão desorientados porque entregaram os destinos da Grécia a extremistas como eles.

6. Muitos séculos depois de terem aprendido a democracia com a Grécia os bárbaros germânicos estão destruindo a democracia grega, já o fizeram no século passado com tanques, fazem-no agora com sacos de dinheiro. Esperemos que não se lembrem de se vingar dos latinos por os terem ensinado a tomar banho e a comer à mesa.